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Crítica - Musical

'Billy Elliot' mistura bem política e melodrama

Música de Elton John é eficiente na montagem e o elenco cativa o público, principalmente os garotos em cena

ALCINO LEITE NETO EDITOR DA TRÊS ESTRELAS

Um dos mais populares e relevantes romances sociais britânicos do século 20 chama-se "The Stars Look Down" (no Brasil, o título é "Sob a Luz das Estrelas").

Seu autor é o escocês A.J. Cronin (1896-1981), muito lido e estimado em sua época, mas sempre menosprezado pela crítica por causa dos excessos sentimentais e do estilo retrô.

Publicado em 1935, o livro narra com impressionante veemência a vida dos trabalhadores de uma mina na Inglaterra e os conflitos dos que desejam escapar daquela vida miserável.

Em 1940, foi adaptado para o cinema por Carol Reed, no longa-metragem "Sob a Luz das Estrelas".

O romance também inspirou o filme e o musical "Billy Elliot", os dois dirigidos pelo inglês Stephen Daldry (em 2000 e 2005, respectivamente), que situou a sua história durante uma greve de mineiros de fato ocorrida na Inglaterra entre 1984 e 1985 --episódio crucial do enfrentamento entre sindicatos e o governo neoliberal de Margareth Thatcher.

O musical --em cartaz em São Paulo, numa montagem americana (com legendas)-- faz justa homenagem a Cronin na abertura, com a canção "The Stars Look Down", filiando-se, assim, a uma longa linhagem de obras pop-políticas britânicas, às vezes de inclinação socialista, no teatro, no cinema, na música e na literatura.

Duas histórias se entrecruzam no espetáculo. Uma aborda os impasses da greve; outra, a luta de um adolescente, filho de mineiros, para se tornar bailarino, enfrentando o preconceito do ambiente em que vive.

As duas narrativas (a política e a melodramática) se encadeiam bastante bem no musical, graças ao "libreto" de Lee Hall, que, dentro das limitações do gênero, delineia um retrato convincente do operariado inglês naquele grave momento da vida do país, quando milhares de mineiros perderam o emprego.

A tragédia social permeia a peça, enquanto o sucesso de Billy ganha ares de redenção, para o próprio garoto e sua classe. O desenlace é melancolicamente conformista, mas, enfim, "o show deve continuar".

E o show agrada a gregos e troianos. A música de Elton John é eficiente, e o elenco, todo ele, correto e cativante. A direção de Daldry no musical se revela mais inspirada do que no filme, balanceando com firmeza o lirismo e a tensão, a violência e a delicadeza.

O musical coloca um desafio de grande monta aos atores que fazem os dois protagonistas adolescentes: Billy Elliot e seu amigo Michael, chegado ao travestismo.

Na estreia em São Paulo, Drew Minard (como Billy) e Cameron Clifford (como Michael), ambos com 13 anos, atuaram brilhantemente, mais ainda o segundo garoto --um pequeno gênio cômico.


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