"Lusa: A Matriz Portuguesa" é inaugurada hoje e reúne cerca de cem peças

Divulgação

"Cabeça de Ninfa', peça de mármore do séc. 2º

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

As múltiplas origens da identidade portuguesa, vistas por meio de objetos poucas vezes reunidos e exibidos no Brasil, são o eixo da exposição "Lusa: A Matriz Portuguesa", que é aberta hoje para o público no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) paulistano.
Com cerca de cem peças feitas entre a pré-história e a era dos grandes descobrimentos, a mostra foi enxugada em 20 objetos que não conseguiriam ser expostos na instituição paulistana, com espaços bem menos generosos que os centros do Rio e de Brasília, por onde antes passou "Lusa".
Por isso, uma das grandes atrações da exposição, "Tapeçaria de Pastrana", grande peça de 11 m de altura por 3,6 m de comprimento, cópia espanhola de original do século 15, não será exibida. Não havia nenhum lugar no CCBB paulistano com um pé-direito e uma parede dessas dimensões.
"Acredito que a leitura da exposição não será prejudicada pelo espaço menor. Era muito importante que São Paulo estivesse na rota da mostra", afirma Marcello Dantas, que idealizou-a e chamou nove curadores portugueses, todos historiadores, para montá-la. Três deles tiveram presença maior: Jorge Couto (Descobrimentos), Ivo Castro (Língua e Comércio) e Cláudio Torres (Presença Islâmica). Luís Raposo (Pré-História), Conceição Lopes (Presença Romana), Santiago Macias e Paulo Almeida Fernandes (Alta Idade Média), Maria José Ferro Tavares (Presença Judaica) e José Custódio Vieira da Silva (Cristianismo Medieval) complementam o time curatorial.
Dantas, conhecido por seu trabalho em exposições no Museu da Língua Portuguesa que têm grande interatividade, explora esse lado em "Lusa" com a instalação de uma grande cama sonora na entrada do prédio do CCBB, onde os espectadores poderão ouvir palavras nas diferentes línguas dos povos que formaram Portugal. Um móvel com diversas especiarias espalhadas em prateleiras também será colocado no espaço de abertura.
Nos outros andares, totens com projeções de vídeo dos curadores em tamanho natural serão instalados na entrada dos módulos que compõem a exposição. "Eles serão como uma espécie de guia desses segmentos", diz a curadora-assistente de "Lusa", Silvia Albertini.

Raridades
Entre os destaques "não-interativos" de Lusa, há "Mosaico dos Cavalos", peça do século 4º pertencente ao Museu de Arqueologia de Lisboa, raro exemplar da influência romana sobre as moradas portuguesas.
Entre os objetos mais antigos, há vasos, urnas, báculos e pedras com inscrições do período pré-histórico. Imagens religiosas medievais, escrituras judaicas e lápides e capitéis islâmicos também devem chamar a atenção do público paulistano.