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ESTADOS E CONGRESSO
HORA DA DECISÃO
Número alto de votos pode não garantir vitórias em Estados importantes; PSDB pode ficar com Minas e São Paulo
PT pode ter maior votação de sua história
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Partido dos Trabalhadores
deve ter hoje a maior votação de
sua história, segundo mostram as
pesquisas de opinião de diversos
institutos. Mesmo assim, os levantamentos indicam que o PT
pode ficar de fora dos governos
dos grandes colégios eleitorais do
país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Também no Congresso, embora a bancada petista deva crescer,
o partido tende ainda a ficar atrás
de outras siglas tradicionais como
o PFL e o PMDB.
Em geral, o Brasil que sairá das
urnas hoje será um país com um
grande partido de esquerda, o PT,
mais fortalecido. E as quatro siglas que representam o centro e a
centro-direita -PMDB, PSDB,
PPB e PFL- talvez um pouco
menores, mas com uma dimensão conjunta semelhante à que tiveram durante o período do governo FHC.
Tudo parece estar ligado ao desempenho do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. Se
se cumprir a promessa ouvida
dentro do partido, de vitória de
Lula no primeiro turno com base
numa onda emocional a favor do
PT, é possível que os candidatos
petistas nos Estados também se
superem e surpreendam hoje.
Mas, se houver segundo turno
na eleição presidencial, não se
confirmando a onda petista comandada por Lula, muitos dos
candidatos a governos estaduais
pelo PT podem também murchar
na reta final.
Ainda assim, mesmo no pior cenário para os petistas, o partido
terá uma votação grande e recorde neste ano. A sigla tem chances
de vencer a disputa estadual no
primeiro turno em dois Estados
(Acre e Mato Grosso do Sul), mas
disputa com candidatos competitivos em outras oito unidades da
Federação. Ao todos, o PT tem alguma chance em dez Estados.
Fato inédito
Nunca aconteceu isso na história do PT. Nesta eleição, nenhuma
outra agremiação política tem
tantos candidatos competitivos
como o partido de Lula nas disputas estaduais. É importante notar,
entretanto, que esse cenário não
dá aos petistas garantia de vitória
nos dez Estados em que concorrem para valer.
Nessa conta dos candidatos
competitivos petistas estão incluídos, por exemplo, os concorrentes em São Paulo, José Genoino, e
no Distrito Federal, Geraldo Magela. No início da campanha, ambos eram dados como sem chances. Hoje, disputam a possibilidade de ir ao segundo turno.
Ainda que José Genoino fracasse e não passe ao segundo turno,
terá obtido uma votação alta para
um candidato do PT ao governo
de São Paulo -acima dos 20%
dos votos válidos, marca rompida
por Marta Suplicy em 1998, quando recebeu 22,51% e ficou em terceiro lugar.
Essa massa de votos de Genoino
deve ajudar o partido a obter mais
vagas na Assembléia Legislativa,
na Câmara dos Deputados e no
Senado. Pela primeira vez os petistas podem ter duas das três vagas paulistas no Senado (uma já é
de Eduardo Suplicy, eleito em
1998; a outra possivelmente pode
ficar com Aloizio Mercadante,
que disputa o pleito deste ano).
Segundo uma pesquisa do Ibope para as vagas de deputados federais e de senadores, os partidos
de esquerda podem obter uma
bancada conjunta que vai de 130 a
157 deputados. Hoje, têm 110 cadeiras. Se o PL (partido que ocupa
a vaga de vice-presidente na chapa de Lula) é adicionado à conta
da bancada lulista, o número máximo de deputados de "esquerda"
pula para 182 deputados -e, no
mínimo, 150.
Senado
No Senado, a situação é menos
alentadora para as siglas pró-Lula. Esses partidos contam hoje
com 19 senadores. Segundo as
projeções do Ibope, podem chegar a 21 -o que representa apenas 26% do total da Casa.
Os quatro principais partidos
que deram sustentação ao governo FHC devem perder posições
no Congresso. Ainda assim, terão
muito mais expressão que os potenciais apoiadores de Lula.
Na Câmara, PSDB, PMDB, PFL
e PPB têm hoje 332 cadeiras. No
mínimo, voltarão em 2003 com
257 vagas. No máximo, 297, segundo o Ibope. Sobre essas vagas
projetadas para a Câmara, o Ibope informa que a disputa por 59
cadeiras está indefinida. Serão posições possivelmente divididas de
forma proporcional aos votos que
cada coligação tiver hoje.
Em termos de governos estaduais, o PSDB continuará com a
parte do leão. É favorito para vencer em São Paulo e Minas Gerais.
Juntos, esses dois Estados têm
33,26% dos eleitores do Brasil.
Já o PT não tem grandes troféus
estaduais. A rigor, só tem chances
mais seguras de vencer hoje no
Acre e em Mato Grosso do Sul
(1,54% do eleitorado nacional).
Outro local possível é o Piauí
(1,6% do eleitorado).
Fora esses três Estados, o PT
torcerá para manter o Rio Grande
do Sul (6,38% dos eleitores brasileiros) numa disputa apertada no
segundo turno. Além disso, tem
também alguma chance no Amapá, Ceará, Distrito Federal, Pará,
Sergipe e São Paulo.
De acordo com as pesquisas de
opinião disponíveis, até 15 Estados devem ter suas eleições definidas no primeiro turno. Outros
12 ficariam para uma segunda votação, dia 27.
(FERNANDO RODRIGUES)
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