São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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ESTADOS E CONGRESSO

HORA DA DECISÃO

Número alto de votos pode não garantir vitórias em Estados importantes; PSDB pode ficar com Minas e São Paulo

PT pode ter maior votação de sua história

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Partido dos Trabalhadores deve ter hoje a maior votação de sua história, segundo mostram as pesquisas de opinião de diversos institutos. Mesmo assim, os levantamentos indicam que o PT pode ficar de fora dos governos dos grandes colégios eleitorais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Também no Congresso, embora a bancada petista deva crescer, o partido tende ainda a ficar atrás de outras siglas tradicionais como o PFL e o PMDB.
Em geral, o Brasil que sairá das urnas hoje será um país com um grande partido de esquerda, o PT, mais fortalecido. E as quatro siglas que representam o centro e a centro-direita -PMDB, PSDB, PPB e PFL- talvez um pouco menores, mas com uma dimensão conjunta semelhante à que tiveram durante o período do governo FHC.
Tudo parece estar ligado ao desempenho do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. Se se cumprir a promessa ouvida dentro do partido, de vitória de Lula no primeiro turno com base numa onda emocional a favor do PT, é possível que os candidatos petistas nos Estados também se superem e surpreendam hoje.
Mas, se houver segundo turno na eleição presidencial, não se confirmando a onda petista comandada por Lula, muitos dos candidatos a governos estaduais pelo PT podem também murchar na reta final.
Ainda assim, mesmo no pior cenário para os petistas, o partido terá uma votação grande e recorde neste ano. A sigla tem chances de vencer a disputa estadual no primeiro turno em dois Estados (Acre e Mato Grosso do Sul), mas disputa com candidatos competitivos em outras oito unidades da Federação. Ao todos, o PT tem alguma chance em dez Estados.

Fato inédito
Nunca aconteceu isso na história do PT. Nesta eleição, nenhuma outra agremiação política tem tantos candidatos competitivos como o partido de Lula nas disputas estaduais. É importante notar, entretanto, que esse cenário não dá aos petistas garantia de vitória nos dez Estados em que concorrem para valer.
Nessa conta dos candidatos competitivos petistas estão incluídos, por exemplo, os concorrentes em São Paulo, José Genoino, e no Distrito Federal, Geraldo Magela. No início da campanha, ambos eram dados como sem chances. Hoje, disputam a possibilidade de ir ao segundo turno.
Ainda que José Genoino fracasse e não passe ao segundo turno, terá obtido uma votação alta para um candidato do PT ao governo de São Paulo -acima dos 20% dos votos válidos, marca rompida por Marta Suplicy em 1998, quando recebeu 22,51% e ficou em terceiro lugar.
Essa massa de votos de Genoino deve ajudar o partido a obter mais vagas na Assembléia Legislativa, na Câmara dos Deputados e no Senado. Pela primeira vez os petistas podem ter duas das três vagas paulistas no Senado (uma já é de Eduardo Suplicy, eleito em 1998; a outra possivelmente pode ficar com Aloizio Mercadante, que disputa o pleito deste ano).
Segundo uma pesquisa do Ibope para as vagas de deputados federais e de senadores, os partidos de esquerda podem obter uma bancada conjunta que vai de 130 a 157 deputados. Hoje, têm 110 cadeiras. Se o PL (partido que ocupa a vaga de vice-presidente na chapa de Lula) é adicionado à conta da bancada lulista, o número máximo de deputados de "esquerda" pula para 182 deputados -e, no mínimo, 150.

Senado
No Senado, a situação é menos alentadora para as siglas pró-Lula. Esses partidos contam hoje com 19 senadores. Segundo as projeções do Ibope, podem chegar a 21 -o que representa apenas 26% do total da Casa.
Os quatro principais partidos que deram sustentação ao governo FHC devem perder posições no Congresso. Ainda assim, terão muito mais expressão que os potenciais apoiadores de Lula.
Na Câmara, PSDB, PMDB, PFL e PPB têm hoje 332 cadeiras. No mínimo, voltarão em 2003 com 257 vagas. No máximo, 297, segundo o Ibope. Sobre essas vagas projetadas para a Câmara, o Ibope informa que a disputa por 59 cadeiras está indefinida. Serão posições possivelmente divididas de forma proporcional aos votos que cada coligação tiver hoje.
Em termos de governos estaduais, o PSDB continuará com a parte do leão. É favorito para vencer em São Paulo e Minas Gerais. Juntos, esses dois Estados têm 33,26% dos eleitores do Brasil.
Já o PT não tem grandes troféus estaduais. A rigor, só tem chances mais seguras de vencer hoje no Acre e em Mato Grosso do Sul (1,54% do eleitorado nacional). Outro local possível é o Piauí (1,6% do eleitorado).
Fora esses três Estados, o PT torcerá para manter o Rio Grande do Sul (6,38% dos eleitores brasileiros) numa disputa apertada no segundo turno. Além disso, tem também alguma chance no Amapá, Ceará, Distrito Federal, Pará, Sergipe e São Paulo.
De acordo com as pesquisas de opinião disponíveis, até 15 Estados devem ter suas eleições definidas no primeiro turno. Outros 12 ficariam para uma segunda votação, dia 27. (FERNANDO RODRIGUES)

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