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RIO GRANDE DO SUL
Governador rompeu com aliados e teve problemas para aprovar projetos na Assembléia
"Política do diálogo" substitui o confronto
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O próximo governo gaúcho, independentemente de quem vença
o segundo turno, deverá ser marcado por uma cordialidade e uma
transigência inexistentes nos últimos dois mandatos, em que predominou o confronto.
Os dois favoritos segundo as
pesquisas, Germano Rigotto
(PMDB), 53, e Tarso Genro (PT),
55, já deram sinais de que pretendem fazer governos mais plurais,
abrindo espaços dentro da Assembléia Legislativa e com setores
representativos da sociedade civil.
As últimas pesquisas mostram
empate técnico em primeiro lugar
entre Tarso e Rigotto. O ex-governador Antônio Britto, 50, candidato do PPS, que chegou a liderar
com 40%, está em terceiro lugar,
mais de dez pontos percentuais
atrás dos dois. De acordo com o
instituto Cepa, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande
do Sul), Tarso tem 33,6%, Rigotto,
31,1%, e Britto, 18,5%.
Em pesquisa Ibope divulgada
ontem, Rigotto aparecia na frente
com 37%. O petista teria 34%.
Rigotto condena ""a falta de diálogo" de Britto, seu correligionário na época em que administrou
o Estado (95-98) e que voltará a
sê-lo na campanha de segundo
turno. Tarso, mesmo evitando
criticar o governador Olívio Dutra (PT) -com quem disputou a
prévia petista para definição do
candidato-, avisou em seu programa de rádio e TV: ""Vou governar com seriedade, dialogando
com todos os gaúchos".
Para evitar os problemas que
Olívio Dutra teve durante sua administração, o PT está apostando
em puxadores de voto, como o
ex-prefeito de Porto Alegre Raul
Pont e o ex-chefe da Casa Civil
Flávio Koutzii. Com isso, pretende aumentar a bancada.
Olívio começou a administrar
com 19 deputados de situação,
contra 36 de uma oposição ferrenha. Em meio ao governo, houve
a ruptura com o PDT e a consequente perda de seus sete parlamentares. O resultado foi um Executivo com apenas 12 representantes no Legislativo, contra 43 da
oposição. Vários projetos estratégicos deixaram de ser aprovados.
No caso de Britto, a bancada governista era maioria e a aprovação
dos projetos tinham maior facilidade. Em compensação, o ex-governador não recebia entidades
sindicais e governou sem ouvir os
prefeitos. No primeiro turno destas eleições, para tentar corrigir
essa falha, Britto procurou visitar
os prefeitos de cada cidade em
que ia fazer campanha.
Estratégias
Tanto Tarso quanto Rigotto vão
às urnas hoje com os olhos na
eleição presidencial. O petista
conta com a vitória de Luiz Inácio
Lula da Silva no primeiro turno
para tê-lo como cabo eleitoral
permanente. Lula já avisou que,
caso isso ocorra, é o que fará.
No caso de Rigotto, a preocupação nesse sentido é mostrar que
terá uma boa convivência com
qualquer presidente -ele é aliado de José Serra e foi líder do governo no primeiro mandato de
Fernando Henrique Cardoso.
Tarso, que passou toda a campanha trocando farpas com Britto, já as transferiu para Rigotto.
""Esse é mais fracote do que o
outro [Britto". O Rigotto não tem
condições de fazer um debate conosco", disse Tarso em comício.
Rigotto, poupado por todos os
adversários, começa a criticar o
PT em uma de suas principais
bandeiras. ""Deixei claro que não
tem como governar sem participação popular. Participação não é
manipulação."
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