São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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RIO GRANDE DO SUL

Governador rompeu com aliados e teve problemas para aprovar projetos na Assembléia

"Política do diálogo" substitui o confronto

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O próximo governo gaúcho, independentemente de quem vença o segundo turno, deverá ser marcado por uma cordialidade e uma transigência inexistentes nos últimos dois mandatos, em que predominou o confronto.
Os dois favoritos segundo as pesquisas, Germano Rigotto (PMDB), 53, e Tarso Genro (PT), 55, já deram sinais de que pretendem fazer governos mais plurais, abrindo espaços dentro da Assembléia Legislativa e com setores representativos da sociedade civil.
As últimas pesquisas mostram empate técnico em primeiro lugar entre Tarso e Rigotto. O ex-governador Antônio Britto, 50, candidato do PPS, que chegou a liderar com 40%, está em terceiro lugar, mais de dez pontos percentuais atrás dos dois. De acordo com o instituto Cepa, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Tarso tem 33,6%, Rigotto, 31,1%, e Britto, 18,5%.
Em pesquisa Ibope divulgada ontem, Rigotto aparecia na frente com 37%. O petista teria 34%.
Rigotto condena ""a falta de diálogo" de Britto, seu correligionário na época em que administrou o Estado (95-98) e que voltará a sê-lo na campanha de segundo turno. Tarso, mesmo evitando criticar o governador Olívio Dutra (PT) -com quem disputou a prévia petista para definição do candidato-, avisou em seu programa de rádio e TV: ""Vou governar com seriedade, dialogando com todos os gaúchos".
Para evitar os problemas que Olívio Dutra teve durante sua administração, o PT está apostando em puxadores de voto, como o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont e o ex-chefe da Casa Civil Flávio Koutzii. Com isso, pretende aumentar a bancada.
Olívio começou a administrar com 19 deputados de situação, contra 36 de uma oposição ferrenha. Em meio ao governo, houve a ruptura com o PDT e a consequente perda de seus sete parlamentares. O resultado foi um Executivo com apenas 12 representantes no Legislativo, contra 43 da oposição. Vários projetos estratégicos deixaram de ser aprovados.
No caso de Britto, a bancada governista era maioria e a aprovação dos projetos tinham maior facilidade. Em compensação, o ex-governador não recebia entidades sindicais e governou sem ouvir os prefeitos. No primeiro turno destas eleições, para tentar corrigir essa falha, Britto procurou visitar os prefeitos de cada cidade em que ia fazer campanha.

Estratégias
Tanto Tarso quanto Rigotto vão às urnas hoje com os olhos na eleição presidencial. O petista conta com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno para tê-lo como cabo eleitoral permanente. Lula já avisou que, caso isso ocorra, é o que fará.
No caso de Rigotto, a preocupação nesse sentido é mostrar que terá uma boa convivência com qualquer presidente -ele é aliado de José Serra e foi líder do governo no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Tarso, que passou toda a campanha trocando farpas com Britto, já as transferiu para Rigotto.
""Esse é mais fracote do que o outro [Britto". O Rigotto não tem condições de fazer um debate conosco", disse Tarso em comício.
Rigotto, poupado por todos os adversários, começa a criticar o PT em uma de suas principais bandeiras. ""Deixei claro que não tem como governar sem participação popular. Participação não é manipulação."



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