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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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Propaganda de empresas será disputada por agências que já cuidam da imagem do governo federal

União abre licitação para mais R$ 232 mi

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal coloca em disputa neste mês o controle de R$ 232 milhões em contratos de publicidade de três empresas da administração indireta.
O silêncio com que o mercado publicitário recebeu a vitória de Duda Mendonça e Paulo de Tarso Santos, ex-marqueteiros de campanhas eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é explicado pela disputa das contas do Banco do Brasil, dos Correios e do Banco do Nordeste. As agências vencedoras serão conhecidas até o fim de agosto.
A conta mais cobiçada é a do Banco do Brasil, que começa a ser disputada no próximo dia 18. São R$ 142 milhões a serem geridos por três agências de publicidade.
É um volume de dinheiro próximo dos R$ 150 milhões destinados à publicidade institucional da Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), cuja licitação foi vencida pelas agências Duda Mendonça, Lew, Lara (pertencente aos publicitários Jaques Lewkowicz e Luiz Lara) e Matisse (da qual Paulo de Tarso Santo é sócio).

55 interessadas
A segunda conta mais alta é a dos Correios. Os R$ 72 milhões são disputados por 55 agências de publicidade, que se inscreveram na quarta-feira passada no processo que escolherá apenas três.
Há oito concorrentes a mais do que as 47 agências que se inscreveram no processo de licitação da Secom.
Entre eles, mais uma vez, estão as agências Duda Mendonça e Lew, Lara e as empresas dos mais importantes publicitários do país, como Nizan Guanaes, Agnelo Pacheco, Celso Loducca, Eduardo Fischer, Roberto Duailibi, Francesco Petit e José Zaragoza.
A Matisse, uma das agências selecionadas pela Secom e da qual Paulo de Tarso Santos é sócio, não entrou nessa disputa.
A menor conta é a do Banco do Nordeste, que será gerida por duas agências. São R$ 18 milhões para serviços de publicidade, disputados por 25 agências, que se inscreveram na sexta-feira passada na licitação e cujos nomes saem na edição de amanhã do "Diário Oficial" da União.
As empresas vencedoras das três licitações têm de seguir as linhas gerais de comunicação estabelecidas pelo titular da Secom, ministro Luiz Gushiken, um dos mais fortes integrantes do governo Lula.

Influência
A presença de Duda Mendonça entre os vencedores da conta de publicidade do governo Lula era esperada no mercado.
No PT, é majoritária a tese de que a comunicação de governo não pode ser pensada em separado de uma futura estratégia de marketing eleitoral. Duda convenceu Lula de que as duas coisas são interligadas.
O publicitário começou a trabalhar para o PT em 2001, depois de uma aproximação frustrada na campanha eleitoral de 1994, comandada por Paulo de Tarso.
Lula conheceu Duda por meio do jornalista Ricardo Kotscho, atual secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República. Por suas ligações com Paulo Maluf, o PT rejeitou Duda naquele ano.
A contratação do publicitário para a campanha de 2002 foi uma das exigências de Lula para disputar a Presidência pela quarta vez consecutiva.
No ano passado, o PT gastou com produção de propaganda partidária e eleitoral R$ 19,289 milhões. Mais da metade desse valor foi paga diretamente a Duda Mendonça.
Neste ano, o partido reservou R$ 4,544 milhões para gastar com seu marketing, em especial dois programas em cadeia nacional de TV e 80 inserções de propaganda de um minuto. Tudo sob a responsabilidade de Duda.
A surpresa no mercado publicitário foi a presença de Paulo de Tarso entre os vencedores da licitação da Secom. O publicitário, que cuidou do marketing de Lula em 1989 e 1994, estava afastado do partido havia nove anos, tendo trabalhado nesse período para o PSDB.
Paulo de Tarso foi elogiado pelos petistas pela criação da Rede Povo, bem-humorado eixo da campanha televisiva de Lula em 1989, que dava suporte ao slogan "Lula lá", criado pelo publicitário Carlito Maia.
Mas, em 1994, esteve entre as pessoas que foram responsabilizadas pelo partido por não ter conseguido impedir a queda das intenções de voto em Lula a partir de julho, quando entrou em vigor o Plano Real.


Colaborou RENATA LO PRETE, da Reportagem Local


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