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Propaganda de empresas será disputada por agências que já cuidam da imagem do governo federal
União abre licitação para mais R$ 232 mi
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal coloca em
disputa neste mês o controle de
R$ 232 milhões em contratos de
publicidade de três empresas da
administração indireta.
O silêncio com que o mercado
publicitário recebeu a vitória de
Duda Mendonça e Paulo de Tarso
Santos, ex-marqueteiros de campanhas eleitorais do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, é explicado pela disputa das contas do
Banco do Brasil, dos Correios e do
Banco do Nordeste. As agências
vencedoras serão conhecidas até
o fim de agosto.
A conta mais cobiçada é a do
Banco do Brasil, que começa a ser
disputada no próximo dia 18. São
R$ 142 milhões a serem geridos
por três agências de publicidade.
É um volume de dinheiro próximo dos R$ 150 milhões destinados à publicidade institucional da
Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), cuja licitação foi vencida pelas agências
Duda Mendonça, Lew, Lara (pertencente aos publicitários Jaques
Lewkowicz e Luiz Lara) e Matisse
(da qual Paulo de Tarso Santo é
sócio).
55 interessadas
A segunda conta mais alta é a
dos Correios. Os R$ 72 milhões
são disputados por 55 agências de
publicidade, que se inscreveram
na quarta-feira passada no processo que escolherá apenas três.
Há oito concorrentes a mais do
que as 47 agências que se inscreveram no processo de licitação da
Secom.
Entre eles, mais uma vez, estão
as agências Duda Mendonça e
Lew, Lara e as empresas dos mais
importantes publicitários do país,
como Nizan Guanaes, Agnelo Pacheco, Celso Loducca, Eduardo
Fischer, Roberto Duailibi, Francesco Petit e José Zaragoza.
A Matisse, uma das agências selecionadas pela Secom e da qual
Paulo de Tarso Santos é sócio, não
entrou nessa disputa.
A menor conta é a do Banco do
Nordeste, que será gerida por
duas agências. São R$ 18 milhões
para serviços de publicidade, disputados por 25 agências, que se
inscreveram na sexta-feira passada na licitação e cujos nomes
saem na edição de amanhã do
"Diário Oficial" da União.
As empresas vencedoras das
três licitações têm de seguir as linhas gerais de comunicação estabelecidas pelo titular da Secom,
ministro Luiz Gushiken, um dos
mais fortes integrantes do governo Lula.
Influência
A presença de Duda Mendonça
entre os vencedores da conta de
publicidade do governo Lula era
esperada no mercado.
No PT, é majoritária a tese de
que a comunicação de governo
não pode ser pensada em separado de uma futura estratégia de
marketing eleitoral. Duda convenceu Lula de que as duas coisas
são interligadas.
O publicitário começou a trabalhar para o PT em 2001, depois de
uma aproximação frustrada na
campanha eleitoral de 1994, comandada por Paulo de Tarso.
Lula conheceu Duda por meio
do jornalista Ricardo Kotscho,
atual secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República. Por suas ligações com Paulo
Maluf, o PT rejeitou Duda naquele ano.
A contratação do publicitário
para a campanha de 2002 foi uma
das exigências de Lula para disputar a Presidência pela quarta vez
consecutiva.
No ano passado, o PT gastou
com produção de propaganda
partidária e eleitoral R$ 19,289 milhões. Mais da metade desse valor
foi paga diretamente a Duda
Mendonça.
Neste ano, o partido reservou
R$ 4,544 milhões para gastar com
seu marketing, em especial dois
programas em cadeia nacional de
TV e 80 inserções de propaganda
de um minuto. Tudo sob a responsabilidade de Duda.
A surpresa no mercado publicitário foi a presença de Paulo de
Tarso entre os vencedores da licitação da Secom. O publicitário,
que cuidou do marketing de Lula
em 1989 e 1994, estava afastado do
partido havia nove anos, tendo
trabalhado nesse período para o
PSDB.
Paulo de Tarso foi elogiado pelos petistas pela criação da Rede
Povo, bem-humorado eixo da
campanha televisiva de Lula em
1989, que dava suporte ao slogan
"Lula lá", criado pelo publicitário
Carlito Maia.
Mas, em 1994, esteve entre as
pessoas que foram responsabilizadas pelo partido por não ter
conseguido impedir a queda das
intenções de voto em Lula a partir
de julho, quando entrou em vigor
o Plano Real.
Colaborou RENATA LO PRETE, da Reportagem Local
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