|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO
Levantamento a partir de resultados no 1º turno aponta onde se concentram os votos de PPB, PT, PSDB e PMDB
Partidos encontram "redutos" na capital
RALPH MACHADO
EDITOR-ASSISTENTE DE BRASIL
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mooca é malufista. Sapopemba,
PT (ou Luiza Erundina, a verificar
nas eleições de outubro). Pinheiros é o ninho do PSDB (ou de José
Serra, morador do bairro). Itaim
Paulista já foi PMDB.
Avançando um pouco mais, o
conjunto dos cinco principais "redutos" desses partidos na cidade
de São Paulo está no quadro ao lado, que leva em conta os resultados no primeiro turno das três últimas eleições municipais.
O levantamento, feito pela Folha a partir de dados das zonas
eleitorais de São Paulo apurados
pelo Tribunal Regional Eleitoral e
compilados pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise
de Dados), analisou a participação relativa dos votos obtidos pelos principais partidos na capital.
Juntos, PPB (e seu antecessor
PDS), PT, PSDB e PMDB obtiveram 93% dos votos no primeiro
turno -em 1988 não existia ainda a possibilidade de ocorrer segundo turno- nas últimas três
eleições municipais em São Paulo.
O resumo feito no início foi extraído a partir da análise da média
de votos obtidos em cada uma das
zonas eleitorais existentes em São
Paulo em 1992 -na última eleição municipal, em 1996, o total de
zonas eleitorais passou de 35 para
41, devido ao desmembramento
de algumas delas, em 1994.
Duelo
No período analisado ocorreu,
na verdade, um duelo entre o
PPB, antes PDS, e o PT. Luiza
Erundina, hoje no PSB, era a candidata do PT em 1988 contra Paulo Maluf, do PDS. Ela venceu.
Em 1992, Maluf, representando
o PPB, derrotou Eduardo Suplicy,
marido da hoje pré-candidata do
PT Marta Suplicy. Em 1996, Celso
Pitta, que fora secretário das Finanças de Maluf, deu nova vitória
ao PPB contra o PT, representado
novamente por Erundina.
Pitta foi afastado pela Justiça no
mês passado, em meio a acusações de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.
Essa mistura de nomes e siglas
atinge, também, o PSDB. Serra,
atual ministro da Saúde, foi candidato derrotado duas vezes, em
1988 e em 1996. Em 1992, o partido foi representado por Fábio
Feldmann, um defensor da causa
ambientalista.
Já no PMDB a situação é totalmente diferente. O partido teve
três candidatos distintos: João Osvaldo Leiva (1988), Aloysio Nunes
Ferreira (1992), hoje ministro, na
Secretaria Geral da Presidência, e
José Aristodemo Pinotti (1996),
recém-nomeado secretário da
Saúde do prefeito interino de São
Paulo, Regis de Oliveira (PMN).
PPB
De acordo com o levantamento
da Folha, o eleitorado do PPB e de
seu antecessor, o PDS, está, em
primeiro lugar, na Mooca. Depois
vêm Jardim Paulista, Vila Maria,
Indianópolis e Tatuapé.
Entendidas as zonas eleitorais
como os bairros que lhe dão nome, há uma mistura de regiões
consideradas ricas e pobres.
"Maluf realizou muita coisa,
deixou a marca dele na Mooca",
afirma Isidoro Delvechio, 75, presidente da Sociedade Amigos da
Mooca, citando o viaduto que leva o nome do bairro e as obras antienchente nas ruas da região.
Mas, para Delvechio, "as coisas
estão se modificando", porque "a
base malufista não se apresenta
dentro da mesma tradição".
Essa tradição, de acordo com
ele, remete ao histórico eleitoral
de Jânio Quadros, prefeito duas
vezes (1953-54 e 1986-88), governador do Estado (1955-59) e presidente da República (1961).
"A Mooca está para Maluf assim
como a Vila Maria esteve para Jânio", afirma Delvechio, que, apesar de nascido na Mooca, diz nunca ter votado em Maluf -em Jânio, porém, votou nos anos 80.
A Vila Maria aparece na relação
de bairros malufistas apurada pelo comitê de campanha do ex-prefeito, mas a Mooca não.
""De acordo com nossas pesquisas, Maluf é mais forte em Santana, Tucuruvi, Vila Guilherme, Casa Verde, Vila Maria, Belém, Carrão, Aricanduva, Vila Formosa e
Belém", disse Nelson Biondi, publicitário responsável pela campanha malufista.
PSDB
O PSDB, por sua vez, obteve nas
últimas três eleições maior aceitação nas regiões consideradas nobres de São Paulo, como Pinheiros, Jardim Paulista, Perdizes, Indianópolis e Vila Mariana.
Os tucanos avançaram em áreas
em que o malufismo é forte e em
locais que, antes, eram ocupados
pelo PMDB, partido do qual se
originou em 1988, e pelo PT, como São Miguel Paulista (zona leste) e Campo Limpo (zona sul).
Para o professor Hamílton Luiz
Corrêa, da Faculdade de Economia e Administração da USP, os
moradores de Pinheiros, bairro
mais tucano de São Paulo, não
possuem uma postura "bairrista"
e não votam por "fisiologismo".
Segundo Corrêa, presidente do
diretório do PSDB no bairro, "a
maioria dos moradores de Pinheiros é de pessoas intelectualizadas e com acesso à informação", que vota com uma visão
mais ampla: em vez de candidatos, escolhe quem apresenta o
melhor programa político.
Texto Anterior: ABC: PPS define candidato hoje em São Bernardo Próximo Texto: São Paulo: Bairro petista "converte" ex-malufistas Índice
|