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FHC vê PSDB desarticulado e cobra presença na periferia
Ex-presidente diz que partido está distante do eleitorado pobre e do interior do país
"Falamos com nós mesmos e precisamos falar com os outros", afirmou tucano durante reunião fechada com correligionários
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa palestra a portas fechadas sobre a situação do partido, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso lamentou
ontem o que chamou de cansaço, estiolamento e desarticulação do PSDB. Admitindo que
não houve "força suficiente"
em todo o país, FHC defendeu
mais diálogo com a sociedade e
criticou que os tucanos só falem com eles mesmos.
Ao citar encontros literários
da periferia de São Paulo, perguntou."Freqüentaram alguma
vez? Pisou lá? Não adianta ir só
na eleição." Ao falar sobre música de protesto, nova crítica:
"Temos nós alguma relação
com isso?"
Segundo ele, a estrutura do
partido está cansada. "Pouco a
pouco o partido acaba se estiolando [definhando por falta de
luz]. Falamos com nós mesmos
e precisamos falar com os outros", concluiu. FHC pregou
também uma "conexão" com
setores da classe média afastados da política. Lembrando
que, na eleição, encontrou apenas 50 pessoas no comitê de
um deputado eleito, afirmou:
"Alguma coisa está errada. Se
vai no trilho da sociedade, você
junta centenas, milhares.
Quando vai no trilho do partido, junta uma centena."
Num discurso de 55 minutos,
FHC cobrou coragem, organização e unidade do partido.
Sem citar os nomes dos governadores eleitos por São Paulo,
José Serra, e Minas, Aécio Neves, disse que o PSDB tem
chances de vencer em 2010.
Mas "tudo vai depender da capacidade de nossos líderes de
entenderem o processo e, em
vez, de darem tiro uns nos outros, darem as mãos ao outro".
Também reclamou da precipitação da disputa."A vantagem [de haver opções] não pode se virar contra nós. Vai sair
do partido, vai criar outro partido. Isso só serve para nos atrapalhar. Porque está fora de hora", apelou ele, que, em nome
da abertura do PSDB, chegou a
pregar a idéia de prévias, dependendo das circunstâncias.
"Temos que nos reunir mais.
Fazer uma coisa que nunca fizemos. Prévias. Quem vai ser
candidato?", disse. "Não custa
nada se abrir um pouco mais".
Ao falar sobre o papel do
PSDB, disse que o partido tem
que "ser contra e ponto", ainda
que, mais tarde, vote ao lado do
governo. "Temos que cobrar."
"Quer dizer que é contra o
país? Não. Quando for importante, votamos. Mas não precisa correr para aprovar".
FHC chamou de perigosa a
tendência de o PSDB ir se fechando a ponto de ter "donos
de pedaço". E defendeu que líderes regionais participem das
decisões. "Temos o hábito de
fazer comandos que não são
verdadeiros", afirmou.
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