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PF aperta cerco contra substituto de Arruda
Investigação rastreia dinheiro que seria de propina e devassa casa de aliados de Paulo Octávio, governador interino do DF
Advogado diz que político, que enfrenta pedidos de impeachment, não é "alvo da PF'; defesa nega parte
em empresa investigada
LUCAS FERRAZ
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ações recentes da Polícia Federal indicam que a investigação do mensalão do Distrito
Federal fecha cada vez mais o
cerco contra o governador interino, Paulo Octávio (DEM). Ele
nega ter sido beneficiado, mas é
acusado de receber propina do
esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora, deflagrada em novembro
do ano passado.
Tentando dar ar de normalidade ao governo, que assumiu
interinamente na última quinta-feira com a prisão do governador José Roberto Arruda
(sem partido), o político e empresário enfrenta também quatro pedidos de impeachment
na Câmara Distrital.
Dois aliados de Paulo Octávio
tiveram suas casas devassadas
pela PF no fim de semana: o ex-policial Marcelo Toledo e o ex-secretário de governo José
Humberto Pires, alvos de mandados expedidos pelo ministro
Fernando Gonçalves, que preside o inquérito no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Toledo havia sido flagrado
em vídeo repassando dinheiro
a um assessor de Arruda e dizendo que parte da propina era
entregue a Paulo Octávio -que
nega ter recebido. O ex-policial
é um dos donos da Voxtec Engenharia e Sistemas, que faturou em negócios com o governo
do DF, no ano passado, pelo
menos R$ 6,6 milhões.
O advogado de Marcelo Toledo, Raul Livino, disse que ainda
não conversou com seu cliente
sobre a aparição no vídeo.
Já José Humberto Pires, homem de confiança de Arruda e
suspeito de participar da arrecadação e da distribuição de
propina, foi sócio de Paulo Octávio em um empreendimento
imobiliário chamado Ilhas do
Lago, às margens do lago Paranoá, área nobre da capital.
A Folha obteve uma cópia de
relatório da PF sobre o material apreendido no dia da deflagração da operação, em novembro, na Conbral, uma das
empresas das quais José Humberto Pires é sócio. O documento afirma que na empresa
havia parte das notas marcadas
para investigar as ramificações
do esquema de corrupção.
"Tanto na Conbral quanto na
residência de Domingos Lamoglia foram encontradas cédulas
cujos números de série coincidem com aqueles contidos nas
cédulas distribuídas por Durval
Barbosa [delator do esquema],
sob monitoramento da Polícia
Federal", diz o texto da Diretoria de Inteligência da PF.
A análise do material
apreendido na Conbral também revela transações milionárias entre empresas que, segundo a investigação, estão sob
a influência de Pires. Em um
delas, há movimentação de
R$ 7 milhões em uma perfumaria. "Teria a empresa capacidade econômico-financeira para
movimentar valores tão altos?", indaga o documento.
Investigadores suspeitam
que essas empresas foram usadas para movimentar dinheiro
do esquema de corrupção. Durval, o ex-secretário que delatou
o mensalão do DEM, disse que
ficava guardado na Conbral o
dinheiro de propina.
A sociedade entre Paulo Octávio e Pires terminou tão logo
as unidades do Ilhas do Lago
foram vendidas, segundo o advogado do governador, Antônio
Carlos de Almeida Castro, o
Kakay. O governador interino
nega ter participação nos negócios da Conbral. "Não acho que
o Paulo Octávio seja alvo [da
PF]. Não há nenhum pedido
contra ele", afirmou Kakay.
Segundo o advogado, o governador interino, como empresário do setor imobiliário,
aparece como sócio em "diversos empreendimentos". A Folha ligou várias vezes para Pires, mas ele não ligou de volta.
Colaborou FILIPE COUTINHO, da Sucursal de Brasília
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