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MST tenta invadir fábrica que foi do irmão de Renan
Cerca de 2.500 sem-terra forçaram portão da Schincariol, mas PM barrou invasão
Os manifestantes também
ameaçaram entrar na
Prefeitura de Murici (AL),
que é governada pelo filho
do presidente do Senado
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Um dia após sem-terra invadirem uma fazenda do deputado federal Olavo Calheiros
(PMDB) em Murici (AL), um
protesto contra a grilagem de
terras reuniu 2.500 pessoas na
cidade, terra natal do clã Calheiros. Os manifestantes acusavam o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB), e
seu irmão Olavo de apropriação irregular de terras públicas.
Os manifestantes tentaram
invadir a fábrica de refrigerantes que pertencia a Olavo e foi
comprada pela Schincariol.
Forçaram o portão, mas foram
dissuadidos por policiais militares. Eles também tentaram
entrar na prefeitura, administrada por Renan Calheiros Filho (PMDB), filho do senador.
Agricultores com bandeiras
dos movimentos sociais chegaram a subir na varanda do prédio, mas não entraram. A reportagem não conseguiu confirmar se o prefeito estava no
local. Os manifestantes também protestaram em frente ao
cartório e ao fórum de Murici.
Muitas lojas fecharam.
O protesto foi organizado pelo MST, MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade),
MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e CPT (Comissão Pastoral da Terra) para
marcar o Dia do Trabalhador
Rural. Sindicalistas ligados à
CUT também participaram.
Segundo a PM, o protesto
reuniu 2.500 pessoas. Os organizadores se disseram surpresos com o número de participantes. "Foi maior do que a
gente imaginou. A idéia era
reunir mil pessoas, mas foi aparecendo muita gente. Acho que
chegou a 3.000 pessoas", disse
Carlos Lima, da CPT. Segundo
Lima, os movimentos sociais
denunciam a grilagem de terras
na região há muito tempo, mas
agora "tiveram mais eco".
A assessoria de imprensa do
MST disse que as suspeitas
contra Renan contribuíram para impulsionar a ação em Murici. O presidente do Senado é investigado pelo Conselho de Ética por suspeitas de ter gastos
pessoais pagos por um lobista.
A Folha não conseguiu falar
com Olavo. À TV Gazeta, de
Maceió, anteontem à noite, Renan disse que não comentaria a
invasão, pois a fazenda Boa
Vista pertence a seu irmão.
A fazenda foi invadida anteontem por 400 sem-terra.
Segundo a PM, um funcionário
relatou que os sem-terra mataram 15 cabeças de gado.
A juíza de Murici, Aida Cristina Antunes, disse que foi
apresentado um pedido de
reintegração de posse, mas ela
se declarou impedida de julgá-lo por "motivo de foro íntimo".
O pedido foi encaminhado à
juíza de Messias, Marcli Guimarães, que também se disse
impedida. O juiz José Lopes
Neto, de União dos Palmares,
recebeu o pedido. Até a conclusão desta edição, não se sabia se
a reintegração fora concedida.
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