São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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MST tenta invadir fábrica que foi do irmão de Renan

Cerca de 2.500 sem-terra forçaram portão da Schincariol, mas PM barrou invasão

Os manifestantes também ameaçaram entrar na Prefeitura de Murici (AL), que é governada pelo filho do presidente do Senado

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Um dia após sem-terra invadirem uma fazenda do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB) em Murici (AL), um protesto contra a grilagem de terras reuniu 2.500 pessoas na cidade, terra natal do clã Calheiros. Os manifestantes acusavam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e seu irmão Olavo de apropriação irregular de terras públicas.
Os manifestantes tentaram invadir a fábrica de refrigerantes que pertencia a Olavo e foi comprada pela Schincariol. Forçaram o portão, mas foram dissuadidos por policiais militares. Eles também tentaram entrar na prefeitura, administrada por Renan Calheiros Filho (PMDB), filho do senador.
Agricultores com bandeiras dos movimentos sociais chegaram a subir na varanda do prédio, mas não entraram. A reportagem não conseguiu confirmar se o prefeito estava no local. Os manifestantes também protestaram em frente ao cartório e ao fórum de Murici. Muitas lojas fecharam.
O protesto foi organizado pelo MST, MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e CPT (Comissão Pastoral da Terra) para marcar o Dia do Trabalhador Rural. Sindicalistas ligados à CUT também participaram.
Segundo a PM, o protesto reuniu 2.500 pessoas. Os organizadores se disseram surpresos com o número de participantes. "Foi maior do que a gente imaginou. A idéia era reunir mil pessoas, mas foi aparecendo muita gente. Acho que chegou a 3.000 pessoas", disse Carlos Lima, da CPT. Segundo Lima, os movimentos sociais denunciam a grilagem de terras na região há muito tempo, mas agora "tiveram mais eco".
A assessoria de imprensa do MST disse que as suspeitas contra Renan contribuíram para impulsionar a ação em Murici. O presidente do Senado é investigado pelo Conselho de Ética por suspeitas de ter gastos pessoais pagos por um lobista.
A Folha não conseguiu falar com Olavo. À TV Gazeta, de Maceió, anteontem à noite, Renan disse que não comentaria a invasão, pois a fazenda Boa Vista pertence a seu irmão.
A fazenda foi invadida anteontem por 400 sem-terra. Segundo a PM, um funcionário relatou que os sem-terra mataram 15 cabeças de gado.
A juíza de Murici, Aida Cristina Antunes, disse que foi apresentado um pedido de reintegração de posse, mas ela se declarou impedida de julgá-lo por "motivo de foro íntimo".
O pedido foi encaminhado à juíza de Messias, Marcli Guimarães, que também se disse impedida. O juiz José Lopes Neto, de União dos Palmares, recebeu o pedido. Até a conclusão desta edição, não se sabia se a reintegração fora concedida.


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