São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Valor inclui custo de telões, de material para ser distribuído à população e de passagens e estadias para grupos folclóricos

PT gasta R$ 1,5 mi para bancar posse de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT vai gastar, pelo menos, R$ 1,5 milhão para bancar parte da festa de posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Brasília.
O valor inclui o custo dos telões montados para transmitir a parte oficial da cerimônia para toda a Esplanada dos Ministérios, material que será distribuído à população -como viseiras, colantes e botons- e passagens e estadias para os grupos folclóricos que se apresentarão a partir das 11h.
Serão 12 grupos folclóricos, incluindo Filhos de Gandhy, a escola de samba Mangueira e os bois rivais Caprichoso e Garantido, de Parintins (PA).
De acordo com Silvio José Pereira, coordenador da comissão de posse do governo eleito, serão distribuídos 1 milhão de adesivos, 100 mil bandeiras, 100 mil viseiras, 100 mil ventarolas de papel e 160 mil lenços -todos com as frases: "Posse de Lula presidente" e "Eu participei dessa mudança".
Só os gastos com material promocional são estimados em cerca de R$ 295 mil.
Já os custos da parte protocolar do evento, que inclui a posse no Congresso, a solenidade de transmissão de faixa no Planalto e a cerimônia de cumprimentos no Alvorada, serão pagos pelo Itamaraty, como parte de seus contratos regulares com fornecedores. O valor total ainda não estava fechado até a semana passada.
Outros artistas que vão se apresentar não cobrarão cachê. Entre eles estão a dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, que deve subir ao palco principal ao meio-dia e terá como convidados os cantores Neguinho da Beija-Flor e Fernanda Abreu.
Também vai se apresentar o futuro ministro da Cultura, Gilberto Gil. "Vai ser uma festa marcada pela mesma emoção e pelo mesmo júbilo dos últimos meses", disse Gil na última sexta.
Depois dos shows, por volta das 14h30, Lula e o vice-presidente, José Alencar (PL-MG), entram no Rolls-Royce presidencial, em frente à Catedral de Brasília, e seguem para o Congresso, onde acontece a cerimônia de posse.

Convites
O primeiro grande desafio do novo governo será administrar os ânimos dos aspirantes e dos efetivamente convidados para as solenidades oficiais da posse.
A demanda soma 3.000. As possibilidades se resumiram a mil. O "abacaxi" ganhou espaço no Congresso, reduziu a lista na cerimônia do Planalto e excluiu, reservando para convidados estrangeiros, a fila de cumprimentos do Alvorada -os chefes de Estado chegam por último para não ficarem muito tempo em pé.
Há uma lista paralela de convidados estrangeiros com perfil de esquerda. Convidado, Nelson Mandela declinou o convite.
Para abrigar a demanda petista, o jeito foi ganhar espaço no Congresso, onde haverá 200 convidados extras, numa lista inicial de 1.500 nomes. Só a lista oficial, despachada pelo presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), chegou a 1.200 nomes. Aí os petistas pressionaram para conquistar um "lugar ao sol". E levaram o salão negro, para o qual convidaram 200 personalidades.
Como o rol é restrito, a idéia é mesclar, entre o Congresso e a solenidade de formalização de ministério e de transmissão de faixa, representações sindicais, de movimentos sociais, de intelectuais e formadores de opinião. Nesse bloco, destaque para os petistas históricos, que vão representar -pessoalmente ou por meio de seus familiares- os diretórios de seus Estados.
Lélia Abramo representará o marido Perseu. Apolônio de Carvalho, 91, será a personalidade petista histórica do Rio. Familiares de Davi Capistrano, ex-prefeito de Santos, falecido em 2000, estão entre os convidados.
Mas a lista de personalidades não se limita a uma representação estadual. Maria Amélia, 92, mãe do cantor e compositor Chico Buarque e viúva do sociólogo Sérgio Buarque, também é convidadíssima para a posse.
Na passagem de ano, os tradicionais festejos na Esplanada dos Ministérios foram suspensos -por decisão do governo do Distrito Federal. No lugar da queima de fogos, os petistas que estiverem na cidade vão ter que substituir o programa popular por um convite para uma festa no Clube do Congresso, a R$ 60 por cabeça, ou por uma improvável convocação para os festejos da família Lula, comandados pela futura primeira-dama, Marisa.
(ANDRÉA MICHAEL E RICARDO WESTIN)


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