São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Aldo ataca PT, e Fruet tenta vincular Chinaglia a Dirceu

No último debate antes da eleição, candidatos trocam farpas e miram no petista

Tucano irrita Chinaglia ao perguntar sobre anistia a ex-ministro; para o atual presidente, "concentração de poder" não é boa para o PT


SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em clima tenso, o último debate antes da eleição para a presidência da Câmara foi marcado pela troca de farpas entre os candidatos, abriu uma polêmica sobre a anistia ao ex-ministro José Dirceu e terminou com um duro ataque do atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), à "concentração de poder" nas mãos do PT.
A eleição para a Mesa Diretora está marcada para quinta-feira. Além de Aldo, que tenta a reeleição, concorrem Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Favorito na disputa em função do apoio formal dos partidos da base governista, Chinaglia acabou se tornando alvo de ataques dos dois adversários no debate da TV Câmara que começou às 11h e terminou pouco depois das 14h. O petista rebateu todas as provocações. Ao final, se explicou: "Só me defendi, nunca puxo a faca primeiro".
Foi Chinaglia, aliás, quem protagonizou o momento mais tenso ao reagir com irritação a uma pergunta de Fruet. O tucano questionou o petista se sua eleição traria facilidade para que Dirceu consiga reaver seus direitos políticos por meio de um projeto de lei com respaldo popular. Acusado de chefiar o esquema do mensalão, Dirceu teve o mandato de deputado federal cassado. Desde então, articula a coleta de um milhão de assinaturas para viabilizar o projeto de lei. Caso isso ocorra, caberá ao futuro presidente da Casa colocá-lo em votação.
"Desafio Vossa Excelência ou qualquer outro, em plenário ou fora dele, a provar que eu esteja orientando minha candidatura a favor da anistia do ex-deputado José Dirceu", disse.
Apesar do incômodo ao tratar do assunto, Chinaglia afirmou que não se recusaria a colocar a eventual anistia a Dirceu em votação. "Como presidente da Câmara, não posso ser parcial. Não vou patrocinar anistia de ninguém, como também não vou impedir um projeto de iniciativa popular."
Fruet fez ao menos três ataques diretos ao petista, relacionando sua candidatura aos casos do mensalão e dos sanguessugas. "Sua candidatura tem a simbologia de todas aquelas forças que marcaram a crise."
Chinaglia reagiu. "Espero que não tenha incluído entre essas forças o PSDB", disse, em alusão ao apoio que o ex-líder do PSDB Jutahy Júnior (BA) chegou a anunciar ao petista.

Aliado
Numa linha mais "contida", Aldo reservou seu ataque para a última fala. "Nada tenho contra os meus concorrentes, principalmente contra aquele que é de um partido aliado, do PT. Mas não creio que, em nome da democracia e do equilíbrio dos Poderes do país, se deva dar ainda mais força e poder a um único partido", afirmou. "Não acho que seja bom para o país nem para o próprio PT tamanha concentração de poder."
Aldo ainda fez elogios à gestão de Fernando Henrique Cardoso. "No governo do presidente Fernando Henrique foram realizados mais de 400 mil assentamentos e o governo Lula deu prosseguimento a esse esforço", disse Aldo. O então ministro da Reforma Agrária à época de FHC era Raul Jungmann (PPS-PE), hoje um entusiasta da candidatura de Fruet.


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