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Novo parque fecha "muro" contra grilo na Amazônia
DA REDAÇÃO
O governo federal anunciou
ontem a criação do quarto
maior parque nacional do Brasil, entre Mato Grosso e Amazonas. Resultado de cinco anos
de negociação, o Parque Nacional do Juruena tem 1,9 milhão
de hectares (quase um Sergipe,
ou o equivalente a toda área
desmatada na Amazônia em
2004/2005) e deve dificultar o
avanço da grilagem, que move a
fronteira agrícola cada vez mais
para o norte da região.
O decreto de criação do parque foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa solenidade em Brasília com
a presença de oito ministros,
em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. Com
ele, o território amazônico chega a 48,3 milhões de hectares de
áreas protegidas (excluindo aí
as terras indígenas, que às vezes funcionam tão bem quanto
ou melhor que parques na conservação da floresta), quase
10% de sua extensão.
"Nós fechamos a fronteira
sul da Amazônia", comemorou
o secretário de Biodiversidade
e Florestas do Ministério do
Meio Ambiente, João Paulo
Capobianco, em referência às
florestas densas do Pará e do
Amazonas que ainda estão protegidas da expansão do chamado arco do desmatamento -a
verdadeira fronteira sul da
Amazônia, formada pelas florestas de Rondônia e pelas matas de transição do médio-norte de Mato Grosso, continua
tombando a taxas vertiginosas.
O novo parque é o tijolo final
de um "muro" de unidades de
conservação e terras indígenas
que começa no Parque Indígena do Xingu e acompanha a divisa MT-PA-AM até Rondônia. Na prática,
ele estabelece uma ponte entre
o mosaico de unidades de conservação do Apuí, no Amazonas, e as recém-criadas reservas ao longo da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163). A estrada,
aliás, teve sua licença de asfaltamento concedida ontem.
Proposta pela primeira vez
durante o governo FHC, a unidade de conservação tinha oposição de políticos locais, especialmente no lado mato-grossense. O "bico" do Estado é
uma região de florestas densas
e ricas em madeira de lei, e,
mesmo sendo imprópria para o
plantio de soja, ela estava sujeita à grilagem de terras e à exploração de madeira -que costuma dar lugar a pasto. Havia,
inclusive, uma proposta de
criação ali de uma floresta estadual, para extração madeireira.
"Obviamente é importante
tornar a terra ali mais escassa",
diz Paulo Barreto, pesquisador
do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia). O efeito primário
da criação do parque será fazer
cair o preço da terra, desestimulando a grilagem.
Serviço florestal
Também foi anunciado ontem o plano de implementação
do distrito florestal da BR-163,
área-piloto das concessões de
florestas públicas para exploração madeireira segundo a lei de
gestão de florestas sancionada
neste ano. A idéia do governo é
ter as primeiras concessões
aprovadas ainda neste ano.
O Serviço Florestal Brasileiro, órgão que fiscalizará as concessões, também ganhou um
diretor: Tasso Azevedo, que
deixa a diretoria do Programa
Nacional de Florestas do MMA.
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