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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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REFORMA

Especialistas recomendam que a morada esteja preparada para as mudanças nas necessidades dos moradores

Novas tecnologias e ampliações forçam alterações na casa

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nem sempre abrir paredes representa um ato de destruição. Elas também podem ser recortadas ou derrubadas para permitir a ampliação da casa ou para abrigar novas tecnologias.
"Os projetos precisam começar a incorporar o conceito de mutabilidade", reflete Giovanni Palermo, do Instituto de Engenharia. "As pessoas mudam de necessidades rapidamente, e a casa precisa ter espaço para mais um filho ou um escritório."
Para que essa ampliação não comprometa a circulação entre os cômodos nem resulte em paredes com janelas ou portas em posições erradas, o ideal é pensar nela desde o primeiro risco no projeto.
O arquiteto Ronaldo Rezende, 50, presidente da Asbea-RS (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul) fez um modelo de habitação de dois dormitórios com um espaço que, com mais uma laje, agrega dois cômodos.
"É importante prever os vãos de portas e janelas, além dos pontos para telefone, antena e tubulação para televisão a cabo", avisa.
Nas paredes que terão novas portas e janelas, a dica do engenheiro Davidson Deana, 26, da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), é alinhar as juntas dos blocos, em vez de executar a amarração tradicional.
Ele também atenta para o telhado. "Se não estiver preparado para a ampliação, será preciso refazer o madeiramento."
A solução seria definir no projeto qual lado da casa pode ser ampliado. Assim, a cobertura fica preparada para seguir a extensão.
Outro ponto que pode ser preparado para a troca são as esquadrias. Substituir modelos sem quebrar a parede é possível quando elas não são chumbadas, e sim aparafusadas, diz Deana.
"Também podem ser fixadas com poliuretano, injetado entre a alvenaria e a esquadria. Mas isso é mais indicado para fixar peças metálicas. Para as de madeira, o aparafusamento é melhor."

Tecnologia
Outro bom motivo para fazer ajustes em casa é adaptá-la para receber novos equipamentos e sistemas que tragam mais conforto e segurança.
"Conforme melhora o padrão de vida do proprietário, ele quer colocar mais chuveiros aquecidos, computadores, automatizadores e outros equipamentos. Por isso, acaba mexendo mais na rede elétrica", afirma Palermo.
Quem precisa instalar novos aparelhos ou dispositivos de automação e não tem mais espaço nos conduítes também não precisa quebrar a parede para fazer novas instalações elétricas.
"Em vez de optar pelo benjamim, que sobrecarrega os circuitos elétricos, instalações aparentes com novos circuitos podem ser boa opção", comenta o engenheiro Márcio José do Nascimento, 33, professor dos cursos técnicos em edificações e de mestre-de-obra do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Acessibilidade
A idéia de construir uma casa para toda a vida e que atenda eficientemente às necessidades dos moradores em qualquer situação não é tão abstrata quanto parece.
Esse conceito, batizado de "design universal", baseia-se em fazer um projeto que inclua recursos que evitam reformas no caso de automação ou se um dos habitantes precisar de cadeira de rodas, por exemplo.
Alguns dos quesitos previstos pelo projeto são corredores e portas mais largos, desníveis no chão com contraste bem evidente e flexibilidade das instalações elétricas, para evitar recortar a casa com extensões a cada vez que mudar a configuração dos aparelhos.
A tubulação do banheiro também é desenhada para evitar acertar canos se for preciso instalar barras de apoio. Até um poço para elevador pode ser previsto.
"Assim, é possível adaptar a casa conforme as necessidades de cada um, como um filho que quebrou a perna, um idoso ou um deficiente físico", resume a arquiteta Sandra Perito, 43, especializada nesse tipo de solução.
Ela calcula que, para fazer uma casa nesses moldes, sejam gastos cerca de 7% a mais do que em um modelo tradicional. (BMF)

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