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REFORMA
Especialistas recomendam que a morada esteja preparada para as mudanças nas necessidades dos moradores
Novas tecnologias e ampliações forçam alterações na casa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nem sempre abrir paredes representa um ato de destruição.
Elas também podem ser recortadas ou derrubadas para permitir a
ampliação da casa ou para abrigar
novas tecnologias.
"Os projetos precisam começar
a incorporar o conceito de mutabilidade", reflete Giovanni Palermo, do Instituto de Engenharia.
"As pessoas mudam de necessidades rapidamente, e a casa precisa ter espaço para mais um filho
ou um escritório."
Para que essa ampliação não
comprometa a circulação entre os
cômodos nem resulte em paredes
com janelas ou portas em posições erradas, o ideal é pensar nela
desde o primeiro risco no projeto.
O arquiteto Ronaldo Rezende,
50, presidente da Asbea-RS (Associação Brasileira dos Escritórios
de Arquitetura do Rio Grande do
Sul) fez um modelo de habitação
de dois dormitórios com um espaço que, com mais uma laje,
agrega dois cômodos.
"É importante prever os vãos de
portas e janelas, além dos pontos
para telefone, antena e tubulação
para televisão a cabo", avisa.
Nas paredes que terão novas
portas e janelas, a dica do engenheiro Davidson Deana, 26, da
ABCP (Associação Brasileira de
Cimento Portland), é alinhar as
juntas dos blocos, em vez de executar a amarração tradicional.
Ele também atenta para o telhado. "Se não estiver preparado para a ampliação, será preciso refazer o madeiramento."
A solução seria definir no projeto qual lado da casa pode ser ampliado. Assim, a cobertura fica
preparada para seguir a extensão.
Outro ponto que pode ser preparado para a troca são as esquadrias. Substituir modelos sem
quebrar a parede é possível quando elas não são chumbadas, e sim
aparafusadas, diz Deana.
"Também podem ser fixadas
com poliuretano, injetado entre a
alvenaria e a esquadria. Mas isso é
mais indicado para fixar peças
metálicas. Para as de madeira, o
aparafusamento é melhor."
Tecnologia
Outro bom motivo para fazer
ajustes em casa é adaptá-la para
receber novos equipamentos e
sistemas que tragam mais conforto e segurança.
"Conforme melhora o padrão
de vida do proprietário, ele quer
colocar mais chuveiros aquecidos, computadores, automatizadores e outros equipamentos. Por
isso, acaba mexendo mais na rede
elétrica", afirma Palermo.
Quem precisa instalar novos
aparelhos ou dispositivos de automação e não tem mais espaço
nos conduítes também não precisa quebrar a parede para fazer novas instalações elétricas.
"Em vez de optar pelo benjamim, que sobrecarrega os circuitos elétricos, instalações aparentes com novos circuitos podem
ser boa opção", comenta o engenheiro Márcio José do Nascimento, 33, professor dos cursos técnicos em edificações e de mestre-de-obra do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Acessibilidade
A idéia de construir uma casa
para toda a vida e que atenda eficientemente às necessidades dos
moradores em qualquer situação
não é tão abstrata quanto parece.
Esse conceito, batizado de "design universal", baseia-se em fazer um projeto que inclua recursos que evitam reformas no caso
de automação ou se um dos habitantes precisar de cadeira de rodas, por exemplo.
Alguns dos quesitos previstos
pelo projeto são corredores e portas mais largos, desníveis no chão
com contraste bem evidente e flexibilidade das instalações elétricas, para evitar recortar a casa
com extensões a cada vez que mudar a configuração dos aparelhos.
A tubulação do banheiro também é desenhada para evitar acertar canos se for preciso instalar
barras de apoio. Até um poço para elevador pode ser previsto.
"Assim, é possível adaptar a casa conforme as necessidades de
cada um, como um filho que quebrou a perna, um idoso ou um deficiente físico", resume a arquiteta
Sandra Perito, 43, especializada
nesse tipo de solução.
Ela calcula que, para fazer uma
casa nesses moldes, sejam gastos
cerca de 7% a mais do que em um
modelo tradicional. (BMF)
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