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AMBIENTE
Construir com itens "verdes" nem sempre sai mais caro; exceção é a madeira, que chega a ter preços 20% maiores
Material ecológico não devasta orçamento
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Optar pelos materiais chamados ecológicos nem sempre pesa
mais no bolso. De madeira de reflorestamento a carpete de amido
de milho, itens ecologicamente
corretos começam a ganhar a preferência do público e podem ajudar a levantar uma casa sem devastar também o orçamento.
Para Márcio Augusto Araújo,
40, consultor do Idhea (Instituto
para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica), dizer que os
produtos ecológicos são necessariamente mais caros é um engano.
"Pode ser apenas exploração da
marca ecológica", comenta.
Dentre todos os itens, a madeira
é a que pode custar mais. As certificadas e provenientes de áreas de
reflorestamento chegam a ter preços 20% maiores do que as outras.
"O processo de certificação é
demorado e custoso, porque é
preciso se adequar a um sistema
mais rigoroso de produção, que
envolve cuidados com o ambiente
e com os funcionários", explica
Fabio de Albuquerque, 45, diretor-superintendente da Ecolog,
que comercializa produtos feitos
com madeira certificada.
O administrador de empresas
Luiz Eduardo Gros, 35, resolveu
fazer sua casa de campo com madeira de reflorestamento e afirma
que ficou 15% mais caro do que
seria com madeira comum.
"Sou a favor do manejo sustentado." Ele só recuou quando viu o
preço do sistema de reaproveitamento de água. "Inviável."
Custos
Para a arquiteta Flávia Ralston,
a madeira do eucalipto é a que sai
mais em conta no mercado. "O
que influencia no preço é seu tratamento e o grau de tecnologia
utilizado no projeto", afirma.
Alternativas a materiais que
correm risco de extinção vêm da
Amazônia. "São boas, mas não
tão conhecidas", diz o arquiteto
Guilherme Wiedman, 33, listando
cumaru, garapeira, muracatiara e
tatajuba como exemplos.
O peso no orçamento depende
da quantidade de madeira. Uma
"log home" (casa feita totalmente
com toras de madeira roliça) é
mais cara do que aquela em que
apenas a estrutura é de madeira.
De acordo com a Tora, empresa
especializada nessas casas, "o custo do produto com madeira reflorestada e tratada é maior. Não em
função da matéria-prima, mas
sim dos serviços técnicos e da
qualidade do produto final".
Mas a arquiteta Lisiane Pinto
Nogueira, 34, destaca que, apesar
de as cifras subirem no orçamento, o sistema da Tora é econômico, pois a obra é mais rápida.
Segundo o Imazon (Instituto do
Homem e do Meio Ambiente da
Amazônia), o consumo de madeira certificada no Estado de São
Paulo é de 1,2 milhão de metros
cúbicos ou 20% do que vai para as
obras.
(BRUNA MARTINS FONTES)
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