São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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AMBIENTE

Construir com itens "verdes" nem sempre sai mais caro; exceção é a madeira, que chega a ter preços 20% maiores

Material ecológico não devasta orçamento

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Optar pelos materiais chamados ecológicos nem sempre pesa mais no bolso. De madeira de reflorestamento a carpete de amido de milho, itens ecologicamente corretos começam a ganhar a preferência do público e podem ajudar a levantar uma casa sem devastar também o orçamento.
Para Márcio Augusto Araújo, 40, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica), dizer que os produtos ecológicos são necessariamente mais caros é um engano. "Pode ser apenas exploração da marca ecológica", comenta.
Dentre todos os itens, a madeira é a que pode custar mais. As certificadas e provenientes de áreas de reflorestamento chegam a ter preços 20% maiores do que as outras.
"O processo de certificação é demorado e custoso, porque é preciso se adequar a um sistema mais rigoroso de produção, que envolve cuidados com o ambiente e com os funcionários", explica Fabio de Albuquerque, 45, diretor-superintendente da Ecolog, que comercializa produtos feitos com madeira certificada.
O administrador de empresas Luiz Eduardo Gros, 35, resolveu fazer sua casa de campo com madeira de reflorestamento e afirma que ficou 15% mais caro do que seria com madeira comum.
"Sou a favor do manejo sustentado." Ele só recuou quando viu o preço do sistema de reaproveitamento de água. "Inviável."

Custos
Para a arquiteta Flávia Ralston, a madeira do eucalipto é a que sai mais em conta no mercado. "O que influencia no preço é seu tratamento e o grau de tecnologia utilizado no projeto", afirma.
Alternativas a materiais que correm risco de extinção vêm da Amazônia. "São boas, mas não tão conhecidas", diz o arquiteto Guilherme Wiedman, 33, listando cumaru, garapeira, muracatiara e tatajuba como exemplos.
O peso no orçamento depende da quantidade de madeira. Uma "log home" (casa feita totalmente com toras de madeira roliça) é mais cara do que aquela em que apenas a estrutura é de madeira.
De acordo com a Tora, empresa especializada nessas casas, "o custo do produto com madeira reflorestada e tratada é maior. Não em função da matéria-prima, mas sim dos serviços técnicos e da qualidade do produto final".
Mas a arquiteta Lisiane Pinto Nogueira, 34, destaca que, apesar de as cifras subirem no orçamento, o sistema da Tora é econômico, pois a obra é mais rápida.
Segundo o Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), o consumo de madeira certificada no Estado de São Paulo é de 1,2 milhão de metros cúbicos ou 20% do que vai para as obras. (BRUNA MARTINS FONTES)


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