|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Repetência no ensino médio dobra em 9 anos
Índice chegou a 12,7% em 2007, aponta relatório do Unicef com base em dado fornecido ao órgão pelo governo federal
Para educadores, a piora é reflexo de problemas no currículo, que, segundo eles, não desperta o interesse
dos jovens pela escola
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proporção de alunos do ensino médio (antigo colegial)
que repete de ano no país chegou a 12,7% em 2007, o dobro
do que em 1998, apontam dados do Ministério da Educação.
Educadores afirmam que a
piora é reflexo de problemas no
currículo, centrado em conhecimentos específicos das matérias (diversas fórmulas em química ou física, por exemplo,
sem que o aluno entenda a importância e a aplicação delas).
Os alunos, dizem os pesquisadores, não têm motivação para a escola, que não prepara para o mercado de trabalho nem
para a universidade -principalmente na rede pública.
A taxa de reprovação de 2007
foi divulgada ontem, em um relatório do Unicef (Fundo das
Nações Unidas para a Infância). O dado foi fornecido ao órgão pelo governo Lula.
O relatório aponta avanços
na educação, principalmente
em número de matrículas, mas
cita dificuldades na qualidade
de ensino e no atendimento de
parcelas específicas da população -leia nesta página.
A repetência também aumentou no ensino fundamental, mas de forma menos acentuada (de 9,7% para 12,1% no
mesmo período) que no médio.
A reprovação é considerada
um dos principais problemas
do ensino, pois o aluno que reprova tem mais chances de desistir da escola. Além disso, sobrecarrega o sistema, pois aumenta o número de alunos.
A elevação da taxa de repetência no ensino médio é constante desde 1998 (da segunda
gestão FHC ao governo Lula).
O MEC afirma que, para melhorar o ensino médio, busca
diversificar a etapa, com ampliação da oferta de ensino profissionalizante e a possibilidade
de mudanças no currículo
-proposta analisada pelo Conselho Nacional de Educação.
"Outra frente é a formação de
professores. Vamos abrir 300
mil vagas nas universidades",
afirmou o secretário de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade, André Lázaro.
"Sem rosto"
Para Candido Gomes, professor da Universidade Católica de
Brasília e autor de pesquisas
sobre fracasso escolar, o ensino
médio está "sem rosto": para o
aluno que tem condições de entrar na universidade, prepara
apenas para o vestibular. Para
os demais, não tem significado.
A pesquisadora Dagmar Zibas, da Fundação Carlos Chagas, cita as faltas dos estudantes
e o currículo pouco atraente.
"A principal causa de reprovação têm sido as faltas. E por
que eles faltam? No período
noturno, pode ser a dificuldade
de conciliar trabalho e escola",
afirma. "Mas o principal é que o
currículo se distancia do interesse do jovem. O conteúdo não
faz sentido para ele."
A representante do Unicef no
Brasil, Marie-Pierre Poirier,
aponta que, por conta da reprovação no ensino fundamental,
o aluno já chega com dificuldades, fora da idade ideal para a
etapa (15 a 17 anos).
A estudante Danielle Stefani,
15, que está no segundo ano do
ensino médio, tem outra reclamação: segundo ela, os professores faltam muito.
Colaboraram a Sucursal do Rio, FLÁVIA MARTIN e JOSÉ ORENSTEIN
Texto Anterior: Israel Dias Novaes (1920-2009): O imortal da Academia Paulista tinha livros de fazer inveja Próximo Texto: Frase Índice
|