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Três escolas, três universos
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Joyce dos Santos, 10, entrar
no CEU (Centro Educacional
Unificado) Jambeiro, em Guaianases (zonal leste) foi um acontecimento especial, digno até de caderno novo -um luxo para uma
família de seis filhos e renda de R$
350 mensais. A menina estudava
em outro colégio, também municipal, onde não havia playground
nem sala de leitura.
A reportagem da Folha acompanhou os primeiros dias de Joyce no escolão, inaugurado no último dia 1º, e também a rotina de
outros dois estudantes de escolas
municipais da região -Danilo de
Carvalho, 11, que cursa a 5ª série
numa escola "normal", a Emef
Arthur Neiva, e Taynara Alexandrina Alves, 10, que faz a 4ª série
em uma escola de latinha, a Emef
Dias Gomes. Todos moram no
extremo da zona leste.
No CEU, haja física
Joyce está instalada na escola
mais bem equipada da rede municipal atualmente. No CEU há
piscina, salas de leitura e computação, teatro e playground, entre
outros equipamentos. Ainda assim, não teve nenhuma atividade
extracurricular durante a semana.
Ela tem uma hora a mais de aula
que os demais alunos na rede.
Mas, na quarta-feira, as cinco horas de aula foram todas de física.
"Está tudo embaralhado. Acho
que falta professor [de outras matérias]." Segundo a secretária municipal de Educação, Cida Perez, o
CEU está com o quadro de professores completo, mas os profissionais ainda estão organizando a
grade de horários.
Aula na hora do almoço
Aluno da Emef Arthur Neiva,
Danilo não dispõe de tantos recursos físicos dentro da escola
quanto Joyce. Ainda assim, participa do time de vôlei e, no ano
passado, estudou xadrez no colégio. O irmão mais velho, Dereck,
integra o coral da mesma escola.
"Os professores faltam, mas não
é sempre", afirma. Sua maior reclamação é em relação ao horário.
Ele é um dos alunos que, devido à
insuficiência da rede municipal,
têm aulas das 11h às 15h. O resto
da tarde, Danilo passa na frente
da TV. "Aqui perto não tem nada
para fazer." Agora, ele aguarda a
oportunidade de usar as piscinas
e a quadra de futebol do CEU.
Da lata à biblioteca
Taynara estuda em local bem
mais precário -uma escola de lata, sem playground ou sala de leitura. Construídas pelo ex-prefeito
Celso Pitta, elas devem ser desativadas até o fim de 2004.
Os professores e os alunos tentam driblar as dificuldades. A escola tem uma banda e desenvolve
um projeto sobre trânsito e ambiente. Na terça, Taynara teve sua
primeira aula de computação e,
na quarta, foi por iniciativa própria estudar em uma biblioteca
fora da escola. Na quinta, porém,
a falta de estrutura da escola não
pôde ser ignorada. Mesmo com
uma blusa de lã, Taynara sofreu
com a queda de temperatura. "Na
escola faz mais frio. Já fiquei gripada por causa disso." (AL)
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