São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empreiteiras sabiam do risco, diz laudo

Segundo o primeiro relatório sobre o acidente do Metrô, construtoras foram alertadas, um dia antes, do risco de queda em Pinheiros

Depois do alerta, consórcio começou a instalar pinos de sustentação, mas fez novas explosões no túnel horas antes do desmoronamento

DA REPORTAGEM LOCAL

As empreiteiras responsáveis pelas obras na futura estação Pinheiros do Metrô, onde ocorreu a tragédia com sete vítimas no último dia 12, sabiam antes dos riscos de desmoronamento no túnel do local.
É isso o que aponta um relatório da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) do Metrô. De acordo com o documento, o primeiro sobre as causas do acidente assinado por um engenheiro do Metrô e divulgado ontem pelo "Jornal Nacional", "as paredes do túnel estavam envergando, pressionadas pelo terreno".
O alerta sobre riscos de desabamento do túnel que ligará as futuras estações Faria Lima e Pinheiros (zona oeste de SP), de acordo com a Cipa, foi dado por um engenheiro do Consórcio Via Amarela -responsável pela obra- aos engenheiros do Metrô, ainda na quinta, dia 11, véspera da tragédia.
A partir do sinal de risco de queda do túnel, em decorrência da movimentação de terra detectada, os responsáveis pela construção decidiram reforçá-lo com a colocação de tirantes -grandes pinos de aço-, que deveriam ser instalados nas paredes do túnel.
Na véspera da tragédia, os buracos no túnel para a colocação dos tirantes foram abertos. Mas a obra continuou, mesmo com o risco iminente de queda, e, na manhã do acidente, novas detonações foram realizadas na obra da estação Pinheiros, e nenhum tirante foi colocado. Foi por volta das 15h dessa sexta que o túnel da estação desabou.
No sábado, um dia após o acidente, o secretário José Luiz Portella (Transportes Metropolitanos) já havia dito que o consórcio sabia dos problemas.
As informações sobre os alertas de desabamento divulgadas pela Cipa são utilizadas pelo delegado seccional Oeste, Dejair Rodrigues, em busca da cronologia exata do acidente.
Até agora, 24 pessoas foram interrogadas no inquérito sobre o caso. (ANDRÉ CARAMANTE)


Texto Anterior: Secretaria não fala de suposta ameaça de morte à presidiária
Próximo Texto: Metrô critica capacidade de comissão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.