|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empreiteiras sabiam do risco, diz laudo
Segundo o primeiro relatório sobre o acidente do Metrô, construtoras foram alertadas, um dia antes, do risco de queda em Pinheiros
Depois do alerta, consórcio começou a instalar pinos de sustentação, mas fez novas explosões no túnel horas antes do desmoronamento
DA REPORTAGEM LOCAL
As empreiteiras responsáveis pelas obras na futura estação Pinheiros do Metrô, onde
ocorreu a tragédia com sete vítimas no último dia 12, sabiam
antes dos riscos de desmoronamento no túnel do local.
É isso o que aponta um relatório da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)
do Metrô. De acordo com o documento, o primeiro sobre as
causas do acidente assinado
por um engenheiro do Metrô e
divulgado ontem pelo "Jornal
Nacional", "as paredes do túnel
estavam envergando, pressionadas pelo terreno".
O alerta sobre riscos de desabamento do túnel que ligará as
futuras estações Faria Lima e
Pinheiros (zona oeste de SP),
de acordo com a Cipa, foi dado
por um engenheiro do Consórcio Via Amarela -responsável
pela obra- aos engenheiros do
Metrô, ainda na quinta, dia 11,
véspera da tragédia.
A partir do sinal de risco de
queda do túnel, em decorrência
da movimentação de terra detectada, os responsáveis pela
construção decidiram reforçá-lo com a colocação de tirantes
-grandes pinos de aço-, que
deveriam ser instalados nas paredes do túnel.
Na véspera da tragédia, os
buracos no túnel para a colocação dos tirantes foram abertos.
Mas a obra continuou, mesmo
com o risco iminente de queda,
e, na manhã do acidente, novas
detonações foram realizadas na
obra da estação Pinheiros, e nenhum tirante foi colocado. Foi
por volta das 15h dessa sexta
que o túnel da estação desabou.
No sábado, um dia após o acidente, o secretário José Luiz
Portella (Transportes Metropolitanos) já havia dito que o
consórcio sabia dos problemas.
As informações sobre os alertas de desabamento divulgadas
pela Cipa são utilizadas pelo
delegado seccional Oeste, Dejair Rodrigues, em busca da
cronologia exata do acidente.
Até agora, 24 pessoas foram
interrogadas no inquérito sobre o caso.
(ANDRÉ CARAMANTE)
Texto Anterior: Secretaria não fala de suposta ameaça de morte à presidiária Próximo Texto: Metrô critica capacidade de comissão Índice
|