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Outro Lado

Prefeito põe a culpa na dívida por retorno alto

Haddad afirma que São Paulo oferece risco maior e por isso tem de pagar mais a empresários do setor

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

O prefeito Fernando Haddad disse à Folha que a taxa de retorno para as empresas de ônibus é alta por causa do risco que a cidade oferece por causa da dívida que acumula. "Taxas menores só para cidades mais saudáveis, não para São Paulo, que deve mais de R$ 50 bilhões".

Outro fator que influencia a taxa, diz Haddad, é o fato de a licitação não atrair muitas empresas. "Esse setor vem se estabilizando muito recentemente. Era muito desorganizado dez anos atrás".

Na última quarta-feira, ele cancelou uma concorrência de R$ 46 bilhões por julgar que ela não havia sido discutida pela sociedade. "Transparência é fundamental."

Adauto Farias, diretor financeiro da SPTrans, diz que a acusação de caixa preta "serve para slogan de passeata", mas não é verdadeira.

"Planilha de transporte foi um dos documentos mais discutidos nos últimos 30 anos. A todo reajuste discutimos a planilha com técnicos e publicamos documentos detalhados no Diário Oficial".

Ao ser questionado se a linguagem técnica das planilhas não afasta o cidadão comum do debate, Farias concorda. "É muito difícil traduzir dados técnicos. Talvez a planilha que temos hoje seja insuficiente para a discussão que a sociedade cobra. Precisamos encontrar maneiras de traduzir esses dados para o público".

O diretor da SPTrans tem outras versões para o fato de São Paulo ter uma taxa interna de retorno acima da que é aplicada em estradas federais e estaduais.

Segundo ele, as empresas de ônibus usam recursos obtidos no Brasil, cuja taxa de juros é superior àquelas praticadas nos EUA e na Europa.

Já as concessionárias de rodovias, ferrovias e aeroportos conseguem recursos muito mais baratos porque têm parceiros internacionais, ainda segundo ele.

O principal investimento das empresas, o ônibus, é financiado pelo BNDES com taxas de 3% ao ano, uma das mais baixas do mercado. Além de ônibus, outro grande investimento das empresas é com garagem.

Ainda segundo o diretor da SPTrans, não faz sentido chamar de caixa preta uma planilha que tem dois dos seus principais componentes amplamente conhecidos: são os salários de motoristas e cobradores, que representam 45,37% dos custos das empresas, e óleo diesel (20,91%). "Eu nunca vi caixa preta que tem 65% do seu valor com preços que são públicos".

Segundo Farias, uma das razões do custo alto das empresas é o congestionamento em São Paulo, além da baixa produtividade das empresas, com uma velocidade média de 12 km. Se a velocidade dobrar, de acordo com ele, o custo do sistema cairá 30%.

Otávio Cunha, presidente da Associação Nacional de Transporte Público, refuta a acusação de que a composição da tarifa seja uma caixa preta. "Não existe caixa preta. Hoje o nosso serviço é todo controlado pelo poder público".


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