Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Convidado de casamento atira cinzeiro em manifestante no Rio
150 pessoas foram protestar nas bodas de neta do 'rei dos ônibus'
O manifestante Ruan Nascimento, 24, foi atingido na madrugada de ontem por um cinzeiro jogado do segundo andar do Copacabana Palace, na zona sul do Rio.
Ele participava de um protesto que reuniu cerca de 150 pessoas em frente ao hotel, onde era realizada a festa de casamento de Beatriz Barata, neta de Jacob Barata, empresário do setor de transportes e conhecido como "rei dos ônibus".
O protesto começou em frente à igreja onde ocorreu a cerimônia religiosa, no centro. De lá, o grupo seguiu para a avenida Atlântica.
Os participantes empunhavam cartazes com dizeres como "Casar com o dinheiro do povo dá azar" e "Casamento com o dinheiro do povo? Vim para o bolo".
Segundo a advogada Eloisa Samy, que participava do protesto, alguns convidados fizeram provocações verbais. Um deles, diz ela, atirou notas de R$ 20 no grupo.
Já de madrugada, de acordo com a advogada, o mesmo rapaz tentou ir embora da festa por uma saída lateral do Copacabana Palace, mas foi cercado pelos manifestantes. Os seguranças, então, protegeram o jovem --que teria dado um tapa no rosto de um manifestante-- e dispersaram os ativistas.
Durante a confusão, Ruan Nascimento, que é morador do Complexo do Alemão, foi atingido. Poucos minutos depois, o Batalhão de Choque da Polícia Militar chegou perto do hotel e, conforme o relato da advogada, atirou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o movimento.
Em nota, a PM negou o uso do gás e reconheceu apenas a utilização de bombas de efeito moral e de spray de pimenta. Atendido em uma ambulância, Ruan recebeu 12 pontos na cabeça.
"Na minha opinião, o atirador do cinzeiro assumiu o risco de provocar a morte de alguém. E isso é tentativa de homicídio", disse Eloisa Samy, que representou voluntariamente o jovem na delegacia.
No início da noite de ontem, Nascimento se somou aos manifestantes que protestavam em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. Ele disse que pretende processar quem jogou o cinzeiro. "Se o hotel não ceder as imagens, terei de processar."
A polícia vai requisitar as imagens das câmeras ao hotel Copacabana Palace.
