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Para polícia, menino de 13 anos matou a família e se suicidou
Principal hipótese é que adolescente ainda tenha ido à escola após atirar nos pais; parentes contestam versão
Amigo contou que ele afirmara que planejava matar parentes e fugir para 'ser matador de aluguel', diz delegado
A Polícia Civil afirmou que a principal hipótese para a morte de cinco membros de uma família na zona norte de São Paulo, incluindo um casal de PMs, é que o filho deles de 13 anos tenha assassinado os parentes e se suicidado. Familiares contestam a versão.
Marcelo Eduardo foi descrito por professores como bom aluno e, pela polícia, como "apaixonado por armas".
A polícia acredita que ele matou os parentes na noite de domingo ou madrugada de segunda. Teria então dirigido até a escola, passado a madrugada no carro, frequentado as aulas de manhã, voltado de carona para casa e se matado.
A família foi achada em casa anteontem, todos com tiros na cabeça, na Brasilândia.
Luis Marcelo Pesseghini, 40, era sargento da Rota. A mulher dele, Andreia Regina Pesseghini, 36, era cabo do 18º Batalhão. As outras vítimas moravam na casa nos fundos: a mãe dela, Benedita Bovo, 65, e a tia-avó Bernadete Silva, 55.
Canhoto, Marcelo tinha na mão esquerda a pistola.40 da mãe. Policiais afirmaram que a arma requer iniciação, pois seu manuseio não é simples. Testes não acharam pólvora na mão, o que, diz a polícia, não é incomum nesse modelo.
Inicialmente, a polícia suspeitava que o crime havia sido retaliação à prisão de integrantes de uma facção criminosa. Após perícia, depoimentos e imagens de câmeras, praticamente descartou a hipótese.
A nova versão ganhou força após o melhor amigo de Marcelo afirmar à polícia que, em diversas ocasiões, ele havia lhe dito que planejava matar a família e fugir.
"Esse amigo nos disse: Ele sempre me chamou para fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um local abandonado'", afirmou o delegado Itagiba Franco.
No quarto de Marcelo, havia diversas armas de brinquedo. Na mochila com que fora à escola, um revolver 32, uma faca, rolos de papel higiênico e mudas de roupa.
Câmeras de um imóvel na rua do Stella Rodrigues, colégio particular na Freguesia do Ó, registraram o Classic cinza de Andreia sendo estacionado à 1h25. Às 6h23, sai dele um garoto, que vai até o colégio.
O amigo reconheceu Marcelo nas imagens, mas nenhum parente sabia que o garoto tinha noções de direção. Um vizinho contou que os pais lhe disseram que estavam ensinando o garoto a dirigir.
A Folha apurou que alguns policiais ainda não estão convencidos do caso, já que indícios preliminares apontam que o sargento foi morto horas antes das demais vítimas.
Marcelo tinha diabetes e fibrose cística, doença degenerativa sem cura que pode levar a infecções, problemas digestivos e morte na idade adulta --mas nenhuma alteração psiquiátrica. Ele já havia reclamado da doença a professores e colegas.
A família enterrada em Rio Claro (SP) e a tia-avó, na capital.