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Para secretário, mudança na Tropa de Choque é 'salutar'
Fernando Grella nega que troca no comando esteja ligada à atuação da PM nas manifestações de junho
'É sempre salutar que haja uma alternância, como forma até de aprimoramento, de avanço', afirmou
O secretário da Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, negou ontem que a troca no comando da Tropa de Choque tenha ligação com a atuação dela nos protestos de junho, quando foi criticada, num primeiro momento, pelo excesso de violência e, depois, pela demora em agir.
Segundo ele, a "alternância [de nomes em postos de comando] é republicana" e "salutar". "É é positiva e tem uma razão de ser", afirmou.
Nesta semana, quase dois meses após o início dos protestos, o coronel César Augusto Morelli foi demitido do cargo pelo secretário.
A função será exercida pelo coronel Carlos Celso Savioli, que estava no comando da PM na Baixada Santista.
AVANÇO
Morelli ficou dois anos à frente da Tropa de Choque.
"Ele já estava no posto quando assumimos e, naquele momento, não havia sequer um nome e não era nem premente que isto fosse feito", disse Grella.
"Depois de um período, ele já estava há quase dois anos, e é sempre salutar nessas áreas que haja uma alternância, como forma até mesmo de aprimoramento, de avanço."
RAZÕES
A Folha mostrou ontem que queda de Morelli se deve principalmente a três razões:
1) à ação nos protestos de junho, que levaram à queda das tarifas de transporte; num primeiro momento, a tropa reprimiu os manifestantes de forma violenta, como no dia 13, na av. Paulista; depois, demorou para agir, como em 18 de junho, quando houve ameaça de invasão à sede da prefeitura;
2) à proximidade de Morelli com Antonio Ferreira Pinto, antecessor de Fernando Grella Vieira na pasta;
3) ao envio de equipes sob o seu comando, como a Rota, para ações no interior do Estado sem aviso ao secretário.
Há ainda questões internas, incluindo divergências com oficiais mais jovens.
A substituição não foi feita antes, segundo os oficiais ouvidos pela Folha, porque a PM não costuma trocar comandantes em meio a crises.