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Universidade em crise
Medicina da USP defende adiar decisão sobre hospital
Proposta de transferência do Hospital Universitário ao Estado será deliberada na terça
Para reitor, economia com a medida será de R$ 70 milhões; em protesto, estudantes anunciam paralisação
A diretoria da Faculdade de Medicina da USP defendeu nesta sexta-feira (22) que a votação sobre a proposta de transferir o Hospital Universitário ao Estado seja adiada.
Uma reunião no Conselho Universitário, que irá analisar a medida, está prevista para a próxima terça-feira (26).
Na ocasião, também serão discutidos a transferência de outro hospital, em Bauru, e um plano de demissão voluntária de funcionários.
Em nota, a diretoria da faculdade diz que a proposta precisa de análise das unidades do conselho deliberativo do hospital e pede que a decisão "seja postergada" até que todos se manifestem.
O adiamento também foi defendido em assembleia por estudantes da faculdade, que disseram ter sido pegos de surpresa pela medida e declararam repúdio ao reitor Marco Antônio Zago por discutir a proposta sem consultá-los.
Em protesto, os alunos também anunciaram que irão paralisar as atividades na segunda e na terça-feira. Apenas os atendimentos de emergência, feitos por alunos do 5º e 6º ano, serão mantidos.
Para os estudantes, a transferência do hospital representa ameaça ao aprendizado.
Em nota, o grupo lembra que o HU é considerado "referência no aprendizado e formação de profissionais de saúde" e diz que a proposta de desvinculação "negligencia as consequências que podem oferecer risco a essa qualidade conquistada".
Um protesto de médicos e funcionários do hospital contra a transferência está programado para terça-feira.
Para o médico do HU e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Gerson Salvador, a proposta deve prejudicar o ensino. "Sendo um hospital da Secretaria da Saúde, o principal foco dele seria a assistência, e não a formação de profissionais", afirma. Outra preocupação é com os contratos com servidores.
"Hoje todos os servidores são da universidade. Não está claro o que aconteceria com os funcionários se [a gestão] passasse para a Secretaria Estadual da Saúde", diz.
A transferência foi proposta pelo reitor como forma de aliviar a crise financeira que a universidade enfrenta. Hoje, o hospital consome entre 6% e 8% do orçamento da USP.
Segundo Zago, a economia para a USP seria perto de R$ 70 milhões ao ano, num orçamento de R$ 5 bilhões.
O reitor diz que a troca de gestão da unidade não trará impacto no ensino.
A Secretaria Estadual da Saúde diz que "não há nada oficial" sobre o assunto.