Projeto de mudança nas escolas estaduais leva alunos às ruas
Manifestações se espalham pelo Estado de São Paulo desde a semana passada após boatos de fechamento de colégios
Gestão Alckmin diz que reorganização visa maior qualidade e que ainda não definiu quais unidades serão fechadas
Alunos, pais e docentes de pelo menos 56 escolas públicas estaduais da capital e do interior se mobilizam contra a proposta da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de reorganizar os ciclos de ensino.
O temor é que a medida provoque fechamento de unidades tradicionais, superlotação das salas de aula e transferência de alunos para colégios mais distantes.
A meta da Secretaria de Estado da Educação é manter, em cada colégio, apenas um ciclo de ensino –anos iniciais (1º ao 5º) do ensino fundamental ou anos finais (6º ao 9º) do fundamental ou ensino médio. Com isso, alunos serão transferidos.
O processo afetará até mil escolas estaduais e entre 1 milhão e 2 milhões de estudantes. A rede soma 5.108 unidades e 3,8 milhões de alunos.
Com apoio da Apeoesp (sindicato dos professores), protestos estão sendo realizados desde a semana passada em todo o Estado e devem prosseguir nos próximos dias.
Nesta terça (6), alunos da escola estadual Prof. Victor dos Santos Cunha, na Vila Sabrina (zona norte), fizeram um ato no Tucuruvi.
De manhã, cerca de 500 estudantes de quatro escolas seguiram da avenida Paulista até a sede da Secretaria da Educação, na República.
"A gente quer ser ouvido, porque foi uma medida sem qualquer diálogo", reclamava Brian Aftimus, 19, presidente do Grêmio Estudantil da escola Caetano de Campos, na Aclimação (região central). Na unidade, segundo os alunos, a proposta é acabar com o ensino médio.
A Apeoesp afirma que 86 escolas no Estado já foram avisadas sobre o fechamento. "A nossa estimativa é que 1.200 escolas serão fechadas", afirma Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do sindicato.
Pressionados, alguns prefeitos e vereadores pediram reuniões com dirigentes de ensino locais, como fez o prefeito de Agudos, Everton Octaviani (PMDB).
"A escola Padre João Batista de Aquino [que pode fechar] está em um bairro muito populoso. Alunos terão de andar mais de 3 km até outra escola se isso acontecer", diz.
OUTRO LADO
A Secretaria da Educação não descarta que "pode haver disponibilização de prédios". Os imóveis, porém, não serão fechados permanentemente, diz o governo, porque podem se tornar creches, pré-escolas ou unidades de ensino técnico.
O chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Fernando Padula, afirmou que a pasta ainda não definiu quantas e quais escolas serão fechadas. Pelo diagnóstico da pasta, escolas com ciclos únicos têm alunos com desempenho melhor e favorecem a fixação de professores.
Padula refuta a estimativa da Apeoesp. "Há uma enorme boataria. Ouvi falar de fechar 30%. É inimaginável um cenário desses. Se houver a disponibilização de escolas [fechamento], será uma exceção." Segundo ele, o compromisso é matricular o aluno a no máximo 1,5 km de distância do colégio atual.
Em 14 de novembro, haverá reunião simultânea da pasta em todas as escolas com pais, estudantes e professores para tirar dúvidas.