São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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SP registra maior deflação em seis anos

Índice de preços da Fipe recua 0,22% em maio, com queda no álcool combustível, de 17,55%, e nos alimentos, de 0,89%

Custo da comida tem 12º mês seguido de redução, e fundação prevê que inflação na capital paulista fique em 4% neste ano
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

O município de São Paulo encerrou maio com deflação de 0,22%, maior queda desde fevereiro de 2000, quando a taxa teve variação negativa de 0,23%, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP).
O resultado surpreendeu o coordenador da pesquisa, Paulo Picchetti, que projetava uma variação negativa de 0,10% para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) em maio.
Pelo segundo mês consecutivo, o álcool -principal gerador de inflação no início do ano- empurrou a taxa para baixo.
Com o avanço da safra da cana, a queda dos preços nas usinas se intensificou. Com isso, o álcool combustível recuou 17,55% em São Paulo em maio e respondeu por metade da deflação. O movimento atingiu a gasolina, que recuou 0,46%.
A tendência é que o álcool continue em baixa, já que no índice ponta a ponta -comparação apenas da quarta semana deste mês com o mesmo período de abril- o recuo é de 20%.
Outra surpresa veio do grupo alimentação, que intensificou movimento de queda para 0,89% com o recuo de 5,43% dos preços dos "in natura".
Foi o 12º mês seguido de queda dos alimentos, a maior desde agosto. "Estas reduções são geradas pelo forte aumento da oferta e não estão associadas à desaceleração do nível de atividade", disse Picchetti.
A desvalorização do dólar em relação ao real, o aumento da produção e a necessidade dos agricultores de venderem, mesmo que mais barato, para pagarem as dívidas são alguns dos fatores que têm influenciado os preços dos alimentos.
As maiores quedas foram do arroz, de 4,57%; da laranja, 10,66%; e do feijão, 6,68%.
A deflação de maio e principalmente a retração dos alimentos se refletiu na cesta de compras da Fipe, que ficou 1,05% mais barata no mês.
Apesar da deflação registrada em maio, Picchetti manteve a previsão de inflação de 4% para 2006, revisada no final de abril -a inicial era de 4,5%.
Nos cinco primeiros meses deste ano, a inflação acumula taxa de 0,41% e, em 12 meses, de 1,97% -menor desde julho de 1999, que estava em 1,36%.
Picchetti ressaltou que essas taxas mostram inflação sob controle e que o "primeiro semestre deve ser o melhor em muito tempo".
Para junho, o economista da Fipe projeta estabilidade de preços. Ele considera, entretanto, que é difícil fazer uma previsão para este mês, em razão da volatilidade dos preços dos alimentos.


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