São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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Dívida está mais suscetível a crises

DA REPORTAGEM LOCAL

A composição da dívida pública interna também sofreu uma significativa piora por conta do menor apetite de bancos por esses papéis. Aumentou a parcela da dívida corrigida por taxas pós-fixadas, como câmbio e juros.
Isso torna o endividamento interno mais sujeito a aumentos bruscos em cenários de descontroles financeiros.
O percentual da dívida que é afetado pela variação cambial saltou de 29,36%, em janeiro deste ano, para 37,68% no mês passado. Já a quantidade de dívida que acompanha a taxa Selic passou de 52,6%, em janeiro deste ano, para 57,7%, em novembro passado.
A dívida corrigida por títulos prefixados, por outro lado, encolheu, passando de 7,57% em janeiro para 4,41% em novembro.
Em outras palavras, a composição da dívida pública está ainda mais explosiva. A forte concentração de papéis corrigidos por taxas pós-fixadas implica um enorme risco de que novos choques internos ou externos forcem maior desvalorização da moeda ou novos aumentos de juros e façam o valor da dívida disparar.
Uma das piores consequências possíveis disso é que volte a aumentar o temor de bancos estrangeiros de que o governo não consiga pagar sua dívida interna.
Embora analistas brasileiros desconsiderem essa hipótese, nova fuga de recursos do país tende a ter efeitos ainda piores sobre a economia, como maiores pressões inflacionárias.
"O pior que pode acontecer com a dívida interna é acabar sendo rolada no "overnight". Os bancos nacionais sabem disso. Mas a percepção dos estrangeiros é diferente", diz Clive Botelho, diretor de tesouraria do Banco Santos.


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