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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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Impulsionados pela terceirização, serviços absorvem mão-de-obra, enquanto outras áreas fecham postos

Na contramão, setor amortece a crise do mercado de trabalho

SILVIA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O setor de serviços tem representado um papel de redentor de muitos trabalhadores brasileiros, uma espécie de amortecedor do cenário de desemprego no país. Enquanto o contingente de ocupados nesse segmento aumentou na Grande São Paulo em 1,69 milhão nos últimos 17 anos, a indústria ceifou aproximadamente 309 mil postos.
"A crise no mercado de trabalho desaguou nos serviços", diz Sérgio Mendonça, 44, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). O aumento das vagas foi puxado por serviços auxiliares (como os de limpeza e de segurança) e especializados (como os de consultorias), que cresceram na capital, respectivamente, 320% e 138% entre 1988 e abril deste ano.
Essa vertiginosa expansão reflete o movimento de terceirização. Hoje o verbo terceirizar criou raízes e apresenta até ramificações: a "quarteirização". Para analistas, o conceito não é novidade. Trata-se da contratação de serviços de terceiros por prestadoras de serviços. "Após enxugar o quadro de pessoal, as empresas trabalharão em rede", diz Eline Kullock, 48, presidente do Grupo Foco (da área de RH).
Ela ressalta que as companhias devem ser ágeis para se ajustarem às mudanças econômicas. Daí a atual tendência de concentração em suas atividades principais, o chamado "core business". "Elas têm de virar tigres, que se movem rapidamente. Têm de pensar na essência do trabalho delas."
Com isso, os segmentos mais terceirizados são os de nível operacional, tais como segurança e limpeza. E há quem terceirize até mesmo a área de responsabilidade social. É o caso da Hertz Rent a Car, que contratou a organização não-governamental Parceiros da Vida para gerenciar o tema.

Apostas
A falta de tempo, inerente às grandes cidades, também beneficiará alguns ramos de negócio. Atividades que economizam o tempo dos clientes, como as de lavanderias, tendem a crescer.
Mas não são só serviços operacionais que estão em alta. Consultorias jurídicas, de informática e de recursos humanos são algumas apostas.
As especializações continuam sendo o melhor atalho para o sucesso na carreira. Analistas apontam a necessidade de, no mínimo, possuir nível superior para atuar em serviços mais especializados, sem dispensar, contudo, especializações, mestrados e MBAs (Master in Business Administration).
Por outro lado, embora o setor tenha inflado, a renda dos profissionais não é a maior. Segundo o Dieese, em maio, a remuneração média real dos assalariados do setor privado em São Paulo era de R$ 916 em serviços, contra R$ 1.030 na indústria. Em amostra de 25 cargos da Bolsa de Salários do Datafolha, o setor de serviços é o que oferece a menor remuneração na maioria dos casos em comparação com o comércio e a indústria (veja no quadro abaixo).

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