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Impulsionados pela terceirização, serviços absorvem mão-de-obra, enquanto outras áreas fecham postos
Na contramão, setor amortece a crise do mercado de trabalho
SILVIA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O setor de serviços tem representado
um papel de redentor de muitos trabalhadores brasileiros, uma espécie de
amortecedor do cenário de desemprego no país. Enquanto o contingente de
ocupados nesse segmento aumentou
na Grande São Paulo em 1,69 milhão
nos últimos 17 anos, a indústria ceifou
aproximadamente 309 mil postos.
"A crise no mercado de trabalho desaguou nos serviços", diz Sérgio Mendonça, 44, diretor técnico do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
O aumento das vagas foi puxado por
serviços auxiliares (como os de limpeza e de segurança) e especializados
(como os de consultorias), que cresceram na capital, respectivamente, 320%
e 138% entre 1988 e abril deste ano.
Essa vertiginosa expansão reflete o
movimento de terceirização. Hoje o
verbo terceirizar criou raízes e apresenta até ramificações: a "quarteirização". Para analistas, o conceito não é
novidade. Trata-se da contratação de
serviços de terceiros por prestadoras
de serviços. "Após enxugar o quadro
de pessoal, as empresas trabalharão
em rede", diz Eline Kullock, 48, presidente do Grupo Foco (da área de RH).
Ela ressalta que as companhias devem ser ágeis para se ajustarem às mudanças econômicas. Daí a atual tendência de concentração em suas atividades principais, o chamado "core business". "Elas têm de virar tigres, que
se movem rapidamente. Têm de pensar na essência do trabalho delas."
Com isso, os segmentos mais terceirizados são os de nível operacional,
tais como segurança e limpeza. E há
quem terceirize até mesmo a área de
responsabilidade social. É o caso da
Hertz Rent a Car, que contratou a organização não-governamental Parceiros da Vida para gerenciar o tema.
Apostas
A falta de tempo, inerente às grandes
cidades, também beneficiará alguns
ramos de negócio. Atividades que economizam o tempo dos clientes, como
as de lavanderias, tendem a crescer.
Mas não são só serviços operacionais
que estão em alta. Consultorias jurídicas, de informática e de recursos humanos são algumas apostas.
As especializações continuam sendo
o melhor atalho para o sucesso na carreira. Analistas apontam a necessidade
de, no mínimo, possuir nível superior
para atuar em serviços mais especializados, sem dispensar, contudo, especializações, mestrados e MBAs (Master in Business Administration).
Por outro lado, embora o setor tenha
inflado, a renda dos profissionais não é
a maior. Segundo o Dieese, em maio, a
remuneração média real dos assalariados do setor privado em São Paulo era
de R$ 916 em serviços, contra R$ 1.030
na indústria. Em amostra de 25 cargos
da Bolsa de Salários do Datafolha, o setor de serviços é o que oferece a menor
remuneração na maioria dos casos em
comparação com o comércio e a indústria (veja no quadro abaixo).
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