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Nota Vermelha

Brasileiros têm mais de 26 mil bolsas para estudar no exterior, mas nota baixa em exame de proficiência de inglês barra acesso a elas

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Neste ano, os estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação terão pelo menos 26.041 bolsas para estudar no exterior, segundo levantamento feito pela Folha em 12 instituições.

Mas esses mesmos órgãos dizem que muitas delas não serão entregues pela baixa proficiência em idiomas.

"O principal motivo técnico para a exclusão dos candidatos foi o não cumprimento da exigência mínima de desempenho em idiomas, em testes como Toefl ou Ielts", afirma Lorraine Hanley, gerente da Laspau (organização que oferece ajuda financeira para alunos em 200 universidades americanas).

Neste ano, o grupo, que é ligado à Universidade Harvard, prevê conceder 500 bolsas para brasileiros, por meio de parceria com o programa Ciência sem Fronteiras.

Segundo a ETS, instituição norte-americana que organiza o exame Toefl, um dos mais exigidos pelas universidades, os brasileiros tiveram nota média 84 no ano passado, de 120 possíveis.

Porém grande parte das universidades pede pontuação em torno de 100.

"Ao falar com os candidatos, percebemos que a avaliação oral é a mais desafiadora", afirma Becky Powell Ford, gerente de relações externas da ETS.

No Gmat, a prova mais exigida nas escolas de negócios, para cursos como MBA, os brasileiros tiveram média de 556 no ano passado. E, segundo dados do Official MBA Guide (Guia Oficial do MBA), os estudantes aceitos neste ano para esse curso na Universidade Harvard registraram pontuação média de 685.

Escolas como a Universidade Stanford exigem que o aluno mostre não apenas bons conhecimentos de gramática e ortografia mas também que tenha capacidade de raciocinar em outro idioma.

O processo de seleção para o MBA da instituição, por exemplo, exige as provas Gmat e Toefl e também inclui perguntas como "por que você quer fazer MBA?", "por que nesta escola?" e "o que faz de você o candidato ideal?".

Guilherme Telles, 30, passou nessas avaliações e conseguiu uma bolsa do Instituto Ling, uma organização privada que dá auxílio a estudantes.

"Conseguir contar uma histórica convincente por meio dessas perguntas e com restrição do número de palavras foi meu maior desafio."

Para conseguir uma boa nota, é essencial se planejar. Especialistas recomendam que os candidatos se preparem para o exame com um ano de antecedência.

"É muito comum os alunos se prepararem apenas um mês antes. O ideal é fazer isso com um ano de antecedência, com o estudo de provas anteriores", orienta Giselle Pinheiro Arcoverde, representante da Associação de Alunos e Ex-alunos da Erasmus Mundus -uma iniciativa da Comissão Europeia que fornece cerca de 1.300 bolsas integrais por ano para estudantes de todo o mundo.

Os valores são de € 24 mil (R$ 68,2 mil) por ano para cursos de mestrado e de € 60 mil (R$ 171 mil) a € 130 mil (R$ 370 mil) para doutorados de três anos. Em outros níveis, os valores são estipulados de acordo com a universidade escolhida.

No primeiro semestre, o Brasil apresentou 439 candidaturas, mas só 44 tiveram êxito (157 como reservas).

"Não há um estudo que mostre que a falha em idiomas é o principal motivo de fracasso. Mas temos muitos relatos de dificuldades e de falta de planejamento", afirma Arcoverde.

O estudante Guilherme Henrique dos Santos, 21, conseguiu ser aceito na Erasmus Mundus após fazer simulados do Toefl mais de vinte vezes antes do dia da prova.

Em setembro, ele vai cursar engenharia química na Universidade de Cagliari, na Itália, com uma bolsa mensal de € 1.000 (R$ 2.300).

"Consegui mais de 100 no Toefl, mas passei só após muito tempo de preparação."

Sandra Moscovich, coordenadora do Instituto Ling, que concede bolsas entre US$ 10 mil e US$ 25 mil, diz que os estudantes têm muitas dificuldades na proficiência.

"Verificamos que a maioria dos candidatos relata ter feito curso em escolas específicas de idiomas, o que pode apontar para uma deficiência no ensino", diz.


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