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Foco
Palmeiras, 100 anos
Historiador descobriu que Praça da Sé foi o berço do Palestra Itália
Mudança de nome de rua dificultava localizar o salão onde foi assinada ata de fundação
Rua Marechal Deodoro, número 2, São Paulo.
Ali, no então conhecidíssimo salão Alhambra, nascia o Palestra Itália no dia 26 de agosto de 1914 --estamos, portanto, a somente três dias do centenário.
O Palestra surgiu do desejo dos imigrantes italianos de terem um clube deles, inspirados pelas excursões dos times Pro-Vercelli e Torino ao Brasil, em 1914.
No Alhambra, 46 pessoas assinaram a ata de fundação do Palestra Itália --a mudança de nome ocorreu apenas em 1942, devido à Segunda Guerra Mundial.
Mas não perca tempo procurando em mapas a rua, muito menos o salão. Ambos deixaram de existir, o que por anos dificultou a identificação da localização exata do local da assinatura da ata de fundação de um dos mais importantes clubes brasileiros.
O jornalista e historiador Julio Cesar Ragazzi foi quem matou a charada.
No início deste ano, Ragazzi observou com mais atenção uma foto antiga que via há anos na Santa Tereza, antiga padaria frequentada por ele nas proximidades da Sé.
O marco zero de São Paulo é também local do marco zero do Palmeiras. O clube nasceu na Praça da Sé.
"Percebi que a rua Marechal Deodoro só poderia ser uma rua que faz esquina com a rua Direita, mas que hoje é denominada Praça da Sé", contou Ragazzi.
Passou a pesquisar em cartórios e bibliotecas, mas foi no arquivo do jornal "O Estado de S. Paulo" que teve a confirmação de onde ficava, em 1914, o número 2 da rua Marechal Deodoro.
"No local ficava o edifício Baruel e, na parte de cima, ficava o salão Alhambra. Nunca se soube exatamente onde era porque, na reurbanização da Sé com a finalização da construção da catedral[1954], a rua Marechal Deodoro mudou de nome".
O edifício Baruel pertencia à família do mesmo nome, que, na parte de baixo, da propriedade mantinha uma farmácia. Hoje o nome Baruel é conhecido pela marca de desodorante para os pés, o Tenys Pé Baruel.
Em meados dos anos 60, um incêndio destruiu o edifício, que acabou sendo demolido. Hoje, no prédio que foi construído no lugar, funciona a loja Nelson das Bolsas, muito conhecida na região central de São Paulo.
"Não tinha ideia de que o Palmeiras pudesse ter sido fundado aqui", disse Nelson Caneloi, 83, que desde o final dos anos 60 mantém a loja.
Na época de fundação do clube, a região da Sé era uma área nobre da cidade. Ali ficavam as sedes de diversas empresas, inclusive a parte administrativa das Indústrias Matarazzo, onde trabalhava Luigi Cervo, um dos fundadores do Palmeiras.
A FESTA
A partir do meio-dia, com entrada franca, será realizada a festa popular do Palmeiras, em um palco montado bem em frente à catedral da Sé. Haverá shows da banda de forró Falamansa e do cantor Wilson Simoninha.
A comemoração deve se estender até 18h, já que o Palmeiras joga às 21h.