Christophe Simon - 2.set.02/France Presse

Ronaldo, do Real Madrid, que pode voltar a campo hoje, acena para o estádio quase vazio durante sua apresentação no clube espanhol

Em mais um de seus recomeços, Ronaldo, 26, deve iniciar vida nova hoje no Real Madrid. O mais badalado jogador do mundo está relacionado para a partida do mais badalado time do mundo contra o Alavés, pelo Campeonato Espanhol, em seu primeiro jogo para valer desde a final da Copa contra a Alemanha, em junho.
Não se sabe se Ronaldo entra em campo com os titulares do Real Madrid ou se o astro brasileiro vai atuar apenas no segundo tempo -como no amistoso Brasil 0 x 1 Paraguai, em 21 de agosto, no qual jogou apenas uma etapa. Assim como não se sabia se Ronaldo jogaria a Copa nem se ele voltaria a jogar futebol depois das graves contusões nos joelhos.
Do momento em que o atleta foi anunciado jogador do Real Madrid até a hora em que ele tocar sua chuteira branca na bola vão ter se passado 36 dias, se isso ocorrer hoje, o que o difere dos seus consagrados colegas de time -o francês Zidane estreou após 18 dias de contratado; o português Figo, menos de duas semanas.
Neste ano, decorridos pouco mais de nove meses, Ronaldo pisou oficialmente na grama por 15 vezes: sete pela Inter, seu ex-clube, e oito pela seleção brasileira.
A média fica em 1,6 jogo por mês, sem considerar que o atleta raramente esteve em campo nos 90 minutos desses 15 embates.
Na verdade, desde o ano 2000 apenas raramente ele esteve em campo. Após ter ficado 143 dias afastado dos campos, sofreu grave lesão no joelho direito -rompimento do tendão patelar-, no dia 12 de abril de 2000, no estádio Olímpico de Roma, em uma das partidas finais da Copa da Itália.
No final de 2001, ameaçou voltar à ativa, mas seguidas contusões musculares o brecaram. Só em 27 de março deste ano é que voltou à seleção, após dois anos e meio sem vestir a camisa amarela.
Apesar dessa ausência toda dos gramados, Ronaldo não deixou de figurar com destaque na mídia nem de tirar da bola uma fortuna.
A transação entre Inter e Real Madrid não chegou a ser a maior da história do futebol, mas movimentou quase US$ 50 milhões -Ronaldo terá que pagar indenização de US$ 4 milhões à Inter devido à diminuição do valor de patrocínio recebido pelos italianos da empresa americana Nike.
Com a chegada do atleta à capital espanhola, a venda de camisas do clube foi recorde -120 mil em um mês-, fazendo a esquecida número 11 ser caçada por milhares de torcedores pelo planeta.
Com Ronaldo em campo, o Real cobrará US$ 500 mil a mais de cachê em amistosos. Comercialmente, os negócios fluem -desde propaganda de guaraná ao lado do personagem Cascão até campanha do Unicef com Zidane.
No Brasil, o atacante virou o garoto-propaganda do Espanhol. Em parceria com a Traffic, que imagina lucrar R$ 25 milhões com a venda de inserções durante as transmissões do torneio e nos jornais da TV Bandeirantes, o jogador será apresentador do programa ""Futebol Fenomenal".
Pelo menos no papel, o futebol de Ronaldo, Zidane e Figo será mesmo fenomenal. Hoje poderá ser a primeira vez que três jogadores que já foram eleitos pela Fifa como "o melhor do mundo" atuarão juntos oficialmente ao lado de outros que quase faturaram o prêmio (Raúl e Roberto Carlos).