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FUTEBOL
Mudança de técnico
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A dança dos treinadores não
pára. Cruzeiro, Santos, Inter,
Coritiba, Ponte Preta e Corinthians são os únicos times que
não trocaram de técnicos no Brasileiro. Desses, só o Corinthians
não vai bem. Geninho não caiu
(até esse momento em que escrevo a coluna) porque o Corinthians foi campeão paulista, a diretoria é menos ansiosa e sabe
que na maioria das vezes não
adianta mudar o treinador.
Geninho não é o principal responsável pela má campanha do
Corinthians. A equipe não era tão
boa quando ganhou o Campeonato Paulista, cedeu vários jogadores às seleções, outros se contundiram, e o time perdeu alguns
atletas importantes.
Além dos maus resultados, há
algumas desavenças entre a diretoria e o Geninho. Após a eliminação da equipe para o River Plate, na Libertadores, o dirigente
Antonio Roque Citadini disse que
os treinadores argentinos são
mais bem preparados do que os
brasileiros. Geninho e outros técnicos não gostaram.
O irônico Citadini, que virou
atração nos programas de TV ao
lado do Vampeta, explicou (entendi assim) que fez uma analogia entre o preparo intelectual e o
conhecimento humano de um cidadão comum argentino e brasileiro. Será que existe essa diferença entre os técnicos? Se há, isso refletiria na atuação do time? É um
assunto para se pensar e discutir.
O mal-estar entre a diretoria e o
técnico se agravou após a saída
do Leandro. Geninho reclamou, e
o Citadini disse que a função do
técnico é escalar e treinar bem a
equipe e não opinar sobre as decisões da diretoria. Parece até que o
Corinthians perdeu um craque.
Citadini afirmou ainda (antes
da derrota para o Figueirense)
que a má campanha da equipe e
as reclamações do Geninho não
são motivos para dispensá-lo.
Contudo há fortes rumores de que
a diretoria e ou influentes conselheiros querem efetivar o auxiliar
Jairo Leal, que trabalhava com o
Parreira.
Acho que os principais motivos
para a possível dispensa do treinador seriam econômicos e de
mudança de conceitos. Os clubes
estão percebendo que os técnicos
são importantes, mas não são os
principais responsáveis pelas vitórias e derrotas. Por isso, não se
justificaria receberem altíssimos
salários. Essa foi a razão de o São
Paulo não acertar com o Tite.
Os dirigentes estão concluindo
que vale a pena experimentar os
auxiliares e novos treinadores. Os
seus salários são muito menores e
muitas vezes há pouca diferença
entre eles e o "professor". Em algumas situações são até melhores,
porque não têm os vícios dos técnicos tradicionais, são mais humildes e querem evoluir.
É preciso também valorizar
mais a comissão técnica (incluindo os treinadores), e não apenas
os técnicos. Há evidências que especialistas brasileiros ligados ao
futebol (médicos, preparadores físicos, fisiologistas, fisioterapeutas,
nutricionista e outros) são superiores aos estrangeiros.
Seria bom ainda que houvesse
mais um profissional para opinar
sobre a escalação, os treinos e a
maneira de jogar da equipe. A decisão final e as condutas durante
o jogo seriam dos técnicos. É mais
ou menos o que acontece na seleção com a dupla Parreira e Zagallo. O São Paulo é dirigido pelo
Rojas e pelo Milton Cruz.
Os treinadores dizem que essa
discussão técnica já existe. Não é
verdade. A relação entre o técnico
e o auxiliar (não me refiro aos outros especialistas da comissão técnica) é de professor e aluno e de
chefe e empregado. Um decide, e o
outro cumpre.
Geralmente são os técnicos que
indicam a contratação dos auxiliares e de quase toda a comissão
técnica. A escolha é feita algumas
vezes mais por amizade e parentesco do que pela competência.
Em qualquer atividade, é difícil
duplas no comando darem certo.
Os homens costumam ser egocêntricos, vaidosos e ambiciosos.
Mesmo assim, vale a pena democratizar as decisões no futebol,
dentro e fora de campo.
Esporte e cidadania
Na terça-feira, Armando Nogueira vai lançar seu novo livro
de crônicas: "A Ginga e o Jogo".
Mestre Armando é a referência
da crônica esportiva. O craque
das palavras.
Outro evento importante do esporte será a realização do Congresso Brasileiro de Esporte e Cidadania (www.congrex.com.br),
entre 7 e 10 de setembro, no hotel
Glória, Rio de Janeiro, com a presença de profissionais do esporte e
áreas afins. O tema é amplo, fundamental e interessante.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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