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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Mudança de técnico

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

A dança dos treinadores não pára. Cruzeiro, Santos, Inter, Coritiba, Ponte Preta e Corinthians são os únicos times que não trocaram de técnicos no Brasileiro. Desses, só o Corinthians não vai bem. Geninho não caiu (até esse momento em que escrevo a coluna) porque o Corinthians foi campeão paulista, a diretoria é menos ansiosa e sabe que na maioria das vezes não adianta mudar o treinador.
Geninho não é o principal responsável pela má campanha do Corinthians. A equipe não era tão boa quando ganhou o Campeonato Paulista, cedeu vários jogadores às seleções, outros se contundiram, e o time perdeu alguns atletas importantes.
Além dos maus resultados, há algumas desavenças entre a diretoria e o Geninho. Após a eliminação da equipe para o River Plate, na Libertadores, o dirigente Antonio Roque Citadini disse que os treinadores argentinos são mais bem preparados do que os brasileiros. Geninho e outros técnicos não gostaram.
O irônico Citadini, que virou atração nos programas de TV ao lado do Vampeta, explicou (entendi assim) que fez uma analogia entre o preparo intelectual e o conhecimento humano de um cidadão comum argentino e brasileiro. Será que existe essa diferença entre os técnicos? Se há, isso refletiria na atuação do time? É um assunto para se pensar e discutir.
O mal-estar entre a diretoria e o técnico se agravou após a saída do Leandro. Geninho reclamou, e o Citadini disse que a função do técnico é escalar e treinar bem a equipe e não opinar sobre as decisões da diretoria. Parece até que o Corinthians perdeu um craque.
Citadini afirmou ainda (antes da derrota para o Figueirense) que a má campanha da equipe e as reclamações do Geninho não são motivos para dispensá-lo. Contudo há fortes rumores de que a diretoria e ou influentes conselheiros querem efetivar o auxiliar Jairo Leal, que trabalhava com o Parreira.
Acho que os principais motivos para a possível dispensa do treinador seriam econômicos e de mudança de conceitos. Os clubes estão percebendo que os técnicos são importantes, mas não são os principais responsáveis pelas vitórias e derrotas. Por isso, não se justificaria receberem altíssimos salários. Essa foi a razão de o São Paulo não acertar com o Tite.
Os dirigentes estão concluindo que vale a pena experimentar os auxiliares e novos treinadores. Os seus salários são muito menores e muitas vezes há pouca diferença entre eles e o "professor". Em algumas situações são até melhores, porque não têm os vícios dos técnicos tradicionais, são mais humildes e querem evoluir.
É preciso também valorizar mais a comissão técnica (incluindo os treinadores), e não apenas os técnicos. Há evidências que especialistas brasileiros ligados ao futebol (médicos, preparadores físicos, fisiologistas, fisioterapeutas, nutricionista e outros) são superiores aos estrangeiros.
Seria bom ainda que houvesse mais um profissional para opinar sobre a escalação, os treinos e a maneira de jogar da equipe. A decisão final e as condutas durante o jogo seriam dos técnicos. É mais ou menos o que acontece na seleção com a dupla Parreira e Zagallo. O São Paulo é dirigido pelo Rojas e pelo Milton Cruz.
Os treinadores dizem que essa discussão técnica já existe. Não é verdade. A relação entre o técnico e o auxiliar (não me refiro aos outros especialistas da comissão técnica) é de professor e aluno e de chefe e empregado. Um decide, e o outro cumpre.
Geralmente são os técnicos que indicam a contratação dos auxiliares e de quase toda a comissão técnica. A escolha é feita algumas vezes mais por amizade e parentesco do que pela competência.
Em qualquer atividade, é difícil duplas no comando darem certo. Os homens costumam ser egocêntricos, vaidosos e ambiciosos. Mesmo assim, vale a pena democratizar as decisões no futebol, dentro e fora de campo.

Esporte e cidadania
Na terça-feira, Armando Nogueira vai lançar seu novo livro de crônicas: "A Ginga e o Jogo". Mestre Armando é a referência da crônica esportiva. O craque das palavras.
Outro evento importante do esporte será a realização do Congresso Brasileiro de Esporte e Cidadania (www.congrex.com.br), entre 7 e 10 de setembro, no hotel Glória, Rio de Janeiro, com a presença de profissionais do esporte e áreas afins. O tema é amplo, fundamental e interessante.

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