São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Dunga já admite que está sob pressão

Após segunda derrota, treinador cobra mudança de atitude do time amanhã

"Todos querem mandar na casa, quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é difícil", afirma técnico, que descarta mudar seu estilo


DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE

Depois da segunda derrota seguida da seleção brasileira, o técnico Dunga admitiu ontem que se sente "pressionado" e disse que vai usar "a conversa para mudar" o time no clássico contra a Argentina, amanhã.
Na derrota para os paraguaios, por 2 a 0, anteontem, em Assunção, o treinador foi criticado por parte dos torcedores, que pediu sua saída.
Com o resultado, a seleção está em quatro lugar, a última colocação na zona de classificação das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Antes, no dia 6, o time perdera pela primeira vez na história para a Venezuela, por 2 a 0, em amistoso em Boston (EUA).
"Eu e todos os jogadores nos sentimos pressionados. Queremos sempre vencer. No futebol, nem sempre é possível", disse o treinador, que ouviu os gritos de "fora, Dunga" de brasileiros no Defensores del Chaco.
"Isso é natural quando se perde. Quando ganhamos a Copa América, ninguém falou nada e passa a ser obrigação. Todos querem mandar na casa, quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é difícil."
Capitão da equipe na conquista da Copa de 94, Dunga estreou como técnico em agosto de 2006. Sem experiência anterior no cargo, já dirigiu a seleção em 29 jogos. Nesse período, a equipe tem 72,4 % de aproveitamento -acumula 19 vitórias, seis empates e quatro derrotas.
Se a seleção perder para a Argentina, o treinador fica em situação delicada no cargo. O clássico será visto por 57 mil pessoas. Todos os ingressos se esgotaram em apenas dois dias.
"Vamos ter mais carinho dos torcedores. Só o calor humano dos mineiros já vai dar uma força maior para os jogadores", acredita o técnico brasileiro.
Ontem, Dunga não contestou as críticas ao desempenho do time no Paraguai. "Futebol é assim. Temos que conviver com as críticas. Já ganhamos e perdemos com este time. Mas não jogamos bem [em Assunção]", disse ele, que vai comandar a seleção também nos Jogos de Pequim, em agosto.
No domingo, o time olímpico fará um amistoso contra um combinado de times pequenos do Rio, em Volta Redonda. A partida deverá ser a última antes da convocação final dos 18 atletas que vão para a China.
Apesar da pressão por uma vitória no Mineirão, Dunga deixou claro que não pretende mexer muito no time. O volante Anderson é o único cotado para entrar na equipe. "Às vezes, a mudança de atitude é melhor do que mudar a equipe", disse.
Sem muito tempo para treinar, Dunga disse que a "preparação será na base da conversa". "Os jogadores já mostraram qualidade. São acostumados a receber as críticas no momento certo. Não será por causa de uma partida que vamos mudar as convicções e nossa forma de trabalhar", disse Dunga. (PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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