São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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+ESPORTE - PRATIQUE

Brasil usa Paraolimpíada como isca para descobrir novos atletas

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a campanha do Brasil na Paraolimpíada de Sydney-2000, os dirigentes do esporte para portadores para deficiência acreditam que será mais fácil o surgimento de novos valores.
Para os dirigentes, muitos atletas em potencial não sabiam da existência de uma categoria específica para deficientes.
Há ainda os deficientes que já praticam esporte, mas que ficam restritos às competições para os chamados "normais".
O CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) e outras entidades da área dizem ter certeza que o desempenho do Brasil em Sydney incentivou outros portadores de deficiência à iniciação esportiva.
"Ainda é impossível mensurar o aumento do número de atletas. Isso só deve acontecer no ano que vem, quando tivermos competições", disse o diretor técnico do CPB, Kléber Veríssimo.
O dirigente afirmou, inclusive, que participar da Paraolimpíada de Atenas-2004 não é um sonho impossível para quem está começando agora.
"Temos muito atletas em potencial, que podem evoluir naturalmente até 2004."
O dirigente citou como exemplo o corredor Antônio Delfino, medalha de prata nos 400 m rasos em Sydney, a sua primeira competição internacional.
Para Veríssimo, há tempo para os novos valores começarem a despontar já em 2002, quando acontecem os Mundiais de várias modalidades. "Esses eventos já serão classificatórios para a Paraolimpíada de Atenas."
Os atletas que já são esportistas e medem forças com pessoas "normais" são outras apostas dos dirigentes do paradesporto.
Marco William, jogador de futebol PC (paralisados cerebrais), foi descoberto pelo técnico da seleção brasileira, Paulo da Cruz, jogando na praia em 1999.
William, titular da equipe medalha de bronze em Sydney, não sabia que havia tido paralisia cerebral (quando o cérebro fica algum tempo sem receber oxigênio, geralmente no parto), muito menos que havia competições específicas para os deficientes.
O nadador Joon Sok Soe, 34, medalha de prata no revezamento 4 x 50 m livre em Sydney, afirmou que os deficientes também estão se sentindo mais encorajados a "sair de casa".
"Além de muitas vezes a cidade não ajudar, o deficiente deixava de praticar esporte por preconceito, medo ou insegurança."
O nadador, que é atleta e trabalha como voluntário do Ciedef (Centro para Integração Esportiva do Deficiente Físico), disse que a campanha em Sydney está servindo como alavanca para superar essas barreiras.
Na Paraolimpíada de Sydney, o Brasil conseguiu 22 medalhas (6 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze), na melhor campanha desde Seul-88, quando a competição passou a ser disputada na mesma cidade da Olimpíada.


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