São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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Ricardo Teixeira faz, às portas da eleição na entidade, o primeiro comercial de sua gestão

CBF troca seleção por propaganda sua na TV

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Um singelo desejo de boas-festas da CBF para o torcedor no comercial que estreou no Natal no horário nobre da Globo faz parte das novas bases do contrato de transmissão de jogos da seleção.
A partir de 2003, pela primeira vez na história, a confederação receberá parte da cota pelos direitos da seleção em espaço publicitário na maior rede de TV do país.
Até este ano, a CBF ganhava toda a cota de televisionamento em dinheiro. Atendendo a pedido da Globo e com o intuito de melhorar a imagem da entidade, Ricardo Teixeira aceitou que parte do valor dos jogos fosse pago em inserções comerciais.
Desde o fim das duas CPIs do Congresso que devassaram a CBF, o dirigente tem se esforçado para melhorar sua popularidade. Bateu o pé para evitar uma virada de mesa e fez pressão para implantar pela primeira vez o sistema de turno, returno, pontos corridos no Brasileiro. Agora, a seis meses da eleição presidencial na entidade, quer usar a TV para aproximar a CBF do público.
Pesquisa Datafolha realizada neste mês mostrou que 30% dos brasileiros querem que o cartola permaneça na CBF, enquanto 38% querem sua saída.
Apesar de ter dito seguidas vezes que este é seu último mandato, pessoas próximas a Teixeira apostam que ele se lançará candidato mais uma vez.
As quatro peças publicitárias exibidas entre quarta e sexta-feira nos intervalos do "Jornal Nacional" e da novela das oito, dois dos mais caros espaços da emissora, foram feitas para quitar uma dívida da TV com a CBF pelos jogos contra Paraguai e Coréia do Sul.
Segundo dados do mercado publicitário, um comercial de 30 segundos no "JN" vale R$ 184.920. Como a propaganda da CBF dura um minuto, a confederação desembolsaria, em tese, R$ 369.840. Ou seja, pelas três inserções só do telejornal, teria que pagar R$ 1.109.052. O valor é próximo ao que a TV teria que desembolsar por jogo da seleção se o contrato já não tivesse sido renegociado para baixo -passou de R$ 1,1 milhão para R$ 800 mil por partida.
"Nos contratos dos jogos que estão sendo negociados parte será pago em dinheiro e parte em mídia", diz Marcelo Campos Pinto, diretor-executivo da Globo Esportes. O valor do novo acordo e a porcentagem dele que será paga em mídia ainda não estão acertados. A negociação, que englobará amistosos e jogos do Brasil nas eliminatórias para a Copa de 2006, deve ser retomada apenas depois de 4 de janeiro.
O comercial da CBF foi o primeiro já realizado pela confederação, pelo menos desde o início da gestão Ricardo Teixeira, em 1989.
A peça publicitária veiculada pela entidade dá como receita para o sucesso da seleção neste ano, pela ordem, "organização, coragem, talento e determinação".
"Com o anúncio, quisemos celebrar o ano de 2002 como um dos melhores da história do nosso futebol e agradecer ao povo pelo apoio. Será o primeiro de muitos", afirmou Teixeira.



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