São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR - cby2k@uol.com.br

Jovem para os livros, velho para o iPad

UMAS QUATRO vezes por ano rola uma alegria em casa. É quando chega um pacotaço da Amazon, com toneladas de livros.
Pintou um desses na semana passada. E, pela primeira vez, não foi só felicidade. Porque eu sabia que estava comprando espécimes em extinção.
Essa primeira leva do ano costuma ser a melhor. Funciona assim: no começo de janeiro, dou uma geral nas listas de melhores livros do ano anterior das minhas publicações favoritas -"New York Times", "Economist", "Word" etc.- e encomendo.
Não é o ideal, porque fico um ano atrasado em relação aos principais lançamentos em inglês. A vantagem é que não perco tempo com tranqueiras -os críticos gringos já selecionaram.
Mas, neste ano, a coisa complicou. É que, ao mesmo tempo em que chegavam os quase finados livros, dei um gás no meu uso do iPad. Virou lei: publicações que acompanho, como "New Yorker" e "Atlantic", só no tablet da Apple.
Tem só um problema: não estou gostando muito. A luz da tela tem me dado sono, e tenho lido mais devagar. A última "New Yorker" tinha uma reportagem devastadora do Lawrence Wright (que escreveu "O Vulto das Torres", sobre a Al Qaeda) a respeito da cientologia. Depois de mais de 30 anos, o cineasta Paul Haggis (de "Crash") abandonou a seita e saiu atirando. Interessante. Mas não acabava nunca!
A parte boa é a praticidade. Chega de carregar um monte de papel na bagagem de mão, correndo o risco de chegar tudo detonado ao destino (não sou exatamente um cara jeitoso).
Dividido entre o papel e o computador, me sinto numa espécie de limbo midiático: jovem demais para ficar apegado aos livros, velho demais para abraçar o iPad.


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