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Luciana Gimenez se firma como apresentadora de televisão e conquista a audiência da elite, defendendo que tem "inteligência social" e que errar é seu "charme"
Quinze (mil) minutos de fama
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela olha para a câmera errada,
dá foras com os convidados e não
se cansa de comentar: "impressionante" e "legal isso, né?!".
Em sua estréia como apresentadora de TV, há dois anos e meio,
Luciana Gimenez, 33, tinha toda a
pinta de quem não passaria dos 15
minutos de fama propagados por
Andy Warhol (1928-1987).
Mas ela sobreviveu, tornou-se o
maior faturamento com merchandising da Rede TV!, um dos
mais altos salários da emissora
(que pode estar beirando R$ 200
mil mensais, incluindo publicidade) e hoje está diante de um fenômeno: a maioria de seus telespectadores faz parte da elite do país.
De acordo com levantamento
do Ibope de junho, 42% do público do "Superpop" é da classe AB,
38,5% da C e 19,5% da DE.
Recheado de jogadores de futebol, modelos e outras "celebridades", o programa tem média de
três a quatro pontos e chega a registrar picos de dez (cada ponto
equivale a 48,5 mil domicílios na
Grande São Paulo), sendo um dos
mais competitivos do canal.
Assim, Luciana acredita viver
pela primeira vez boa fase com a
opinião pública. Não é mais a desconhecida filha da atriz Vera Gimenez, a modelo que engravidou
de Mick Jagger, a que ganhou um
programa só por isso, a apresentadora desastrada.
Ao rir no ar das besteiras que
deixa escapar e até criar um quadro só com suas gafes, Luciana
parece ter desarmado seus críticos. "Errar faz parte, e esse é meu
charme. Todo mundo erra: a classe A, B, C e D. Talvez pela minha
simplicidade, tenha pegado essa
galera [AB] até meio desprevenida. Assistiram e gostaram. Não falei assim: "Vamos ser chiques"."
Recém-adepta do divã (está na
quarta sessão de psicanálise), avalia que o segredo do sucesso está
no fato de ser "desligada, brincalhona" e de usar as fraquezas em
benefício próprio, o que define
como "inteligência social".
"Quando comecei a apresentar
o "Superpop", senti uma certa resistência. As pessoas têm medo
do desconhecido. Agora, vejo
uma aceitação enorme, me elogiam. Acho que se sentem culpadas por ter falado mal."
Hoje, Luciana Gimenez vive
com ares de "popstar" internacional. Leva frequentemente o filho,
Lucas, 4, para visitar o pai roqueiro, anda cercada por assistentes
(assessor de imprensa, motorista,
cabeleireiro) e tem um helicóptero da Rede TV! à sua disposição
-inclusive para seus atrasos.
E quer mais: tenta descolar uma
participação em filme de cineasta
famoso (leia à pág. E3) e quer gravar um CD ("não canto muito
bem, mas é questão de aprender,
né?!"). Sem falar da dúvida entre
aceitar uma tentadora proposta
para posar nua na "Playboy" ou
investir num projeto de apresentar um programa infantil.
Enquanto pedalava na ergométrica de uma descolada academia
da zona sul de São Paulo, na última semana, Luciana conversou
com a Folha sobre ibope, Mick
Jagger, tablóides, Madonna, gafes,
política nacional e seus dilemas.
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