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Festival de Edimburgo aumenta carga erótica de seus espetáculos
JAMES MORRISON
DO "INDEPENDENT"
Este é o Festival de Edimburgo
(Escócia) mais sexy da história,
feito para chocar. O evento, que
teve início na semana passada,
nunca ofereceu antes uma amostra tão farta de nudez, sexo e pornografia. Mais de 60 dos espetáculos do Fringe deste ano têm temas sexuais ou incluem nudez ou
erotismo.
Entre as produções mais bizarras que estão sendo apresentadas,
figura ""TalkSexShow", no qual o
veterano Paul Davies, passando-se por guru sexual tântrico, convida membros da platéia a se juntarem a ele no palco, nus. O espetáculo, anunciado como ""sessão de
treinamento em fazer amor", inclui uma sequência em que um
homem e uma mulher simulam
atos sexuais, vestindo ""roupas de
nu" grudadas ao corpo.
Outro que integra a programação de Edimburgo é ""The Floating Brothel" (O Bordel Flutuante), uma farsa sobre prostitutas do
século 18 enviadas para entreter
os detentos de uma colônia penal
na Austrália. A peça inclui nudez
frontal completa e um narrador
que fala com a platéia enquanto se
masturba. A peça já foi descrita
por seus promotores como tendo
""mais pênis do que o Puppetry"
-uma referência ao espetáculo
de ""origami genital" ""Puppetry of
the Penis", que está voltando à cidade.
Ainda outros espetáculos encenados no Fringe incluem ""The
Whore's Tale" (A História da
Prostituta), em que uma atriz vestindo saiote e suspensórios repassa a história da prostituição fazendo malabarismos sobre uma cama em formato de coração, além
do ""Dance Japanesque Vagina".
Os organizadores do festival
afirmam que a maioria dos espetáculos que incluem teor sexual o
fazem de maneira original e justificada. O argumento não convenceu a todos.
Sir Jonathan Miller, escritor e
diretor que deslanchou nos anos
60, descreveu o recurso a temas
sexuais como ""monótono". ""O
que aconteceu", disse, ""é que o
Fringe se tornou um empreendimento cada vez mais comercial, e
o que dá dinheiro hoje é sexo".
O ex-diretor do Fringe disse que
a natureza repetitiva da programação reflete o interesse cada vez
maior da mídia por sexo e a incapacidade britânica de se livrar da
obsessão por nudez, satirizada
pelo clássico ""Oh, Calcutta!", de
1967, do crítico Kenneth Tynan.
""É estranho que esse assunto
continue a preocupar as pessoas
depois de Ken Tynan ter criado
"Calcutta", mas é a mesma coisa
com a mídia: se ela não está cozinhando ou reformando as casas
das pessoas, está mexendo com
suas partes íntimas", afirmou.
Os responsáveis pelos espetáculos eróticos deste ano não lamentam o que fazem. Davies diz que a
intenção de ""TalkSexShow" é satirizar essa obsessão. ""A sexualização de tudo em nossa sociedade
é feita de maneira maquiavélica, e,
ao deixarmos de utilizar uma iluminação teatral tradicional e fazer
um espetáculo típico, estamos
tentando dizer: "Vamos tratar esse
assunto de maneira séria, direta"",
disse. ""A idéia é sermos mais clínicos. Queremos dizer: "Ok, este é
um pênis. Alguém quer subir aqui
e nos mostrar seu pênis?"."
Mas Davies reconheceu que é
provável que sua produção atraia
um certo tipo de público. ""Fizemos um teste do espetáculo, e parece que a tendência é recebermos
"swingers'", comentou.
Peter Machen, astro do ""The
Floating Brothel", diz que chegou
a pensar em incluir sexo ao vivo
na produção. Ele afirma que a peça, que é altamente explícita, precisa disso para transmitir aos espectadores uma série de idéias
históricas e sociológicas.
""Quisemos virar de ponta-cabeça a idéia de que as pessoas do século 18 não passavam de animais
movidos por desejos básicos",
disse. ""Procuramos atrair o público com aquilo que ele pensa que
quer, mas então lhe oferecemos
algo que tem um pouco mais de
sensibilidade e substância."
Tradução Clara Allain
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