São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA INSTRUMENTAL

Orquestra de Berimbaus sacia olhos e ouvidos no criativo "Sinfonia de Arame"

CARLOS BOZZO JUNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dinho Nascimento, soteropolitano, 59, cresceu participando das brincadeiras de rua da sua cidade tocando percussão.
No final dos anos 60, integrou o grupo Arembepe, ao lado de Lima, Chico e Kiko. Entre 1972 e 1973, foram ao Rio de Janeiro e gravaram o compacto simples "Grupo Arembepe", disco que não emplacou.
Em 74, vieram a São Paulo, apresentaram-se em universidades, fizeram alguns shows, mas tinham que "passar o chapéu" para amealhar um troco.
Por esta razão o grupo extinguiu-se, mas Dinho permaneceu em São Paulo. Estabeleceu-se no Morro do Querosene, no bairro do Butantã, e criou, há 4 anos, a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene.
"Sinfonia de Arame" (2010) foi gravado com esta orquestra e traz um resumo desse período somado aos três CDs autorais do percussionista: "Berimbau Blues" (1997), "Gongolô" (2000) e "Ser-Hum-Mano" (2005).
Músicas como "Sertão do Caicó", "Aquarela do Brasil" e "Na Baixa do Sapateiro" foram gravadas com berimbaus afinados e agrupados em naipes.
Entre eles, estão instrumentos usados na capoeira, como o berimbau gunga (de som grave) e o berimbau de centro (som médio).
Não satisfeito com o som desses instrumentos, Dinho criou ainda o berimbum (um berimbau com corda e tarracha de contra baixo, de som mais grave e tocado com arco de violoncelo) e o berimbau de arco ou de rabeca (com latas substituindo a cabaça e arco de rabeca para passar na corda).

COMPOSIÇÕES
No CD há também algumas composições próprias, como "Toque de Mestre" e "Acorde de Abertura", que abre o CD e nos leva a uma sinfônica de berimbaus.
A última das 15 faixas encerra o trabalho com o "Hino Nacional Brasileiro", marca registrada do baiano.
Tudo recheado de versos cantados em ladainhas, sambas de rodas e chulas acompanhadas da percussão e de seus instrumentos mais usuais, como pandeiro, cuíca, atabaque, agogô, reco-reco, ganzá, triângulo, atabaque e matraca, entre outros. Contudo, a maior novidade de "Sinfonia de Arame" é saciar ouvidos e olhos que não podem ver.
Na capa e no miolo do encarte do disco está grafado, em braile, o nome do CD, além do número das faixas com os nomes das músicas. Esta é uma ideia que deveria ser vista e plagiada por todos.

SINFONIA DE ARAME

ARTISTA Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene
LANÇAMENTO independente
QUANTO R$23, em média
AVALIAÇÃO bom


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