São Paulo, sábado, 26 de setembro de 2009

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Repertório de Nazareth ganha show, site e disco

Rosana Lanzelotte toca músicas do compositor

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A obra de um dos maiores compositores brasileiros para piano chega à internet pelas mãos de uma cravista. A carioca Rosana Lanzelotte faz amanhã o espetáculo de lançamento de um disco e um site dedicados a Ernesto Nazareth (1863-1934).
"Eu gosto muito de música brasileira, adoro ir à gafieira", diz Lanzelotte. "O cravo fica muito distante do Brasil, e fiquei feliz por poder aproximar o instrumento de meu país." "Odeon", "Brejeiro", "Batuque" e "Ameno Resedá" são algumas das mais célebres criações de Nazareth, que vivia de tocar piano em casas de venda de música e cinema, e chamava suas obras de "tangos brasileiros". As obras nada têm de portenho, mas o nome dava roupagem "respeitável" à sincopada dança afro-brasileira que fazia sucesso na época, o maxixe.
Todas as 238 partituras do compositor estão agora disponíveis, em formato PDF e gratuitas, no site www.ernesto nazareth.com.br, com cuidadosa revisão musicológica de Alexandre Dias. Além da publicação da obra do compositor na internet, o projeto Nazareth contempla ainda oficinas virtuais, dadas à distância para músicos de todo o país, e o CD "Nazareth" (Biscoito Fino), em que Lanzelotte toca obras do compositor, com Caíto Marcondes (percussão) e Luis Leite (violão).
O repertório do disco é a base do espetáculo que é apresentado amanhã em São Paulo, terça no Rio (Espaço Tom Jobim) e dia 11 de novembro em Belo Horizonte (Palácio das Artes).
"Há muitos anos, o saxofonista Mauro Senise me convidou para um show misturando Bach e Pixinguinha, e percebi que o cravo tem um lado de cavaquinho, uma pegada rítmica que poderia integrar um regional de choro", diz Lanzelotte.
Em 1998, ao gravar o disco "Cravo Brasileiro", dedicado apenas a compositores nacionais, ela resolveu incluir quatro faixas de Nazareth. "Minha professora, Helena Jank, tinha me dito que ele funcionava bem no cravo, e, realmente, em várias obras, como "Apanhei-te Cavaquinho" e "Tenebroso", ele faz referência a instrumentos de cordas dedilhadas."
A partir de 2006, começou uma pesquisa mais séria e sistemática sobre o universo do compositor. "Obras com o solo no baixo, como "Odeon", "Tenebroso" e "Encantador", soam especialmente bem no cravo. No "Batuque", parece que o Nazareth tinha o cravo em mente, porque não é necessário mudar uma nota sequer", afirma.


ROSANA LANZELOTTE

Quando: amanhã, às 19h
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 0/xx/ 11/ 3629-1075); livre
Quanto: de R$ 15 a R$ 30




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