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Repertório de Nazareth ganha show, site e disco
Rosana Lanzelotte toca músicas do compositor
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A obra de um dos maiores
compositores brasileiros para
piano chega à internet pelas
mãos de uma cravista. A carioca
Rosana Lanzelotte faz amanhã
o espetáculo de lançamento de
um disco e um site dedicados a
Ernesto Nazareth (1863-1934).
"Eu gosto muito de música
brasileira, adoro ir à gafieira",
diz Lanzelotte. "O cravo fica
muito distante do Brasil, e fiquei feliz por poder aproximar
o instrumento de meu país."
"Odeon", "Brejeiro", "Batuque" e "Ameno Resedá" são algumas das mais célebres criações de Nazareth, que vivia de
tocar piano em casas de venda
de música e cinema, e chamava
suas obras de "tangos brasileiros". As obras nada têm de portenho, mas o nome dava roupagem "respeitável" à sincopada
dança afro-brasileira que fazia
sucesso na época, o maxixe.
Todas as 238 partituras do
compositor estão agora disponíveis, em formato PDF e gratuitas, no site www.ernesto
nazareth.com.br, com cuidadosa revisão musicológica de
Alexandre Dias.
Além da publicação da obra
do compositor na internet, o
projeto Nazareth contempla
ainda oficinas virtuais, dadas à
distância para músicos de todo
o país, e o CD "Nazareth" (Biscoito Fino), em que Lanzelotte
toca obras do compositor, com
Caíto Marcondes (percussão) e
Luis Leite (violão).
O repertório do disco é a base
do espetáculo que é apresentado amanhã em São Paulo, terça
no Rio (Espaço Tom Jobim) e
dia 11 de novembro em Belo
Horizonte (Palácio das Artes).
"Há muitos anos, o saxofonista Mauro Senise me convidou para um show misturando
Bach e Pixinguinha, e percebi
que o cravo tem um lado de cavaquinho, uma pegada rítmica
que poderia integrar um regional de choro", diz Lanzelotte.
Em 1998, ao gravar o disco
"Cravo Brasileiro", dedicado
apenas a compositores nacionais, ela resolveu incluir quatro
faixas de Nazareth. "Minha
professora, Helena Jank, tinha
me dito que ele funcionava
bem no cravo, e, realmente, em
várias obras, como "Apanhei-te
Cavaquinho" e "Tenebroso",
ele faz referência a instrumentos de cordas dedilhadas."
A partir de 2006, começou
uma pesquisa mais séria e sistemática sobre o universo do
compositor. "Obras com o solo
no baixo, como "Odeon", "Tenebroso" e "Encantador", soam especialmente bem no cravo. No
"Batuque", parece que o Nazareth tinha o cravo em mente,
porque não é necessário mudar
uma nota sequer", afirma.
ROSANA LANZELOTTE
Quando: amanhã, às 19h
Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 0/xx/
11/ 3629-1075); livre
Quanto: de R$ 15 a R$ 30
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