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Rolling Stones relança disco mais vendido com inéditas

Ron Wood fala sobre sua estreia na banda nos anos 1970, turnês e sexo

Em entrevista exclusiva, o guitarrista relembra o clima da época em que foi gravado "Some Girls"

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Ron Wood é um sujeito elétrico. Aos 64 anos, o guitarrista dos Rolling Stones usa as mãos como um italiano ao falar, mexe o tempo todo no cabelo tingido de preto,

se joga no sofá ao discorrer sobre sexo nas turnês e dá muitas risadas.

"Estou há dois anos sem beber. Então, um energético já me deixa assim", afirma.

Wood falou com a Folha num hotel em Londres sobre o lançamento da versão luxo de "Some Girls", o álbum de 1978 que é o mais vendido da história da banda e ganhou faixas inéditas.

"Ficamos isolados num estúdio nos arredores de Paris. Quase não dormíamos. Quando eu tentava, o Keith [Richards] entrava no quarto e dizia: 'Ninguém dorme enquanto eu estiver acordado', e voltávamos a trabalhar."

O grupo passou semanas no estúdio e de lá saiu com um misto de rock, blues, country music, funk e muito, muito sexo nas letras.

"O disco se chama 'Some Girls' [algumas garotas], mas poderia ser 'Sexo, Sexo, Sexo', o que significa que queríamos muitas mulheres."

Richards tinha recém-escapado de uma condenação à prisão por posse de drogas no Canadá. "Foi um pesadelo. Ele queria esquecer. Então, focou no trabalho."

Já Mick Jagger estava inspirado pelo punk, por grupos como Sex Pistols.

"Não que o punk fosse algo completamente novo. Eles faziam coisas que a gente já havia feito, mas de uma forma mais crua, mais rude. Isso influenciou Mick na crueza ao falar de Nova York em 'Shattered', por exemplo."

Foi o primeiro álbum em que Wood aparece como membro efetivo dos Stones, após a saída de Mick Taylor.

Para ele, um dos melhores momentos é "Beast of Burden". "Eu e o Keith estávamos navegando bem com nossas guitarras nesta música."

Wood é um pouco nostálgico. Acha que o ambiente do rock'n'roll de hoje está mais chato, com bandas desunidas, que se despedem logo depois dos shows.

Lembra que nos anos 70 havia mais diversão, e o sexo não estava apenas nas letras, mas no cotidiano das turnês.

"Você tem que se divertir, porque fazer uma turnê é às vezes entediante. Quando a audiência vai embora, dá uma enorme solidão."

Afirma que rolava muito sexo nas turnês dos Stones, mas que tudo era mais sofisticado e discreto que na sua fase anterior, com The Faces, ao lado de Rod Stewart.

"Ali era puro escracho", diz. "Eu e o Rod éramos como o 'Inspetor Clouseau' [personagem desastrado da série 'A Pantera Cor-de-rosa', interpretado por Peter Sellers]. Saíamos sempre com algumas mulheres depois de cada show. Fazíamos bagunça, camas quebravam, TVs caíam. Raramente havia sexo, era mais diversão. E muita gente achava que éramos veados. A gente fingia ser gay. Tudo para se divertir."

Os Stones completam 50 anos em 2012 e devem marcar a data com algo grande: novo álbum ou show. "Estamos conversando. Tenho meus trabalhos solo, mas paro tudo quando é para se reunir com os Stones. Mesmo depois de tanto tempo, me sinto em casa."

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