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Crítica A Valquíria

Espetáculo acerta a medida do elo com o Brasil

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Zé carlos Barretta/Folhapress
Cena do espetáculo ‘A Valquíria’, de Richard Wagner, em cartaz no Theatro Municipal
Cena do espetáculo ‘A Valquíria’, de Richard Wagner, em cartaz no Theatro Municipal

O PÚBLICO DO ESPETÁCULO ERA HETEROGÊNEO; O TEATRO LOTOU ATÉ O FINAL; OS APLAUSOS FORAM CALOROSOS

Em 1851, Wagner (1813-83) comunicou a Liszt a decisão de expandir o drama "O Anel do Nibelungo" para quatro partes, "para intensificar a abundância de associações até o grau mais excitante".

Em cartaz no Theatro Municipal, "A Valquíria" é o segundo passo da tetralogia.

Com duração de cinco horas, o espetáculo traz Luiz Fernando Malheiro à frente da Orquestra Sinfônica Municipal e concepção cênica

de André Heller-Lopes.

Desde o início aprendemos que a grande árvore -a dividir o mundo em coordenadas- pode estar encravada em um apartamento duplex, frequentado por gente poderosa.

Foi o ato mais comovente: poderoso baixo Gregory Reinhart (Hunding), dramaticidade de Eiko Senda (Sieglinde) e bela performance do tenor gaúcho Martin Muehle (Siegmund).

Wagner parece dirigir a cena por meio da música, como no solo de violoncelo, a impor um jeito de olhar entre os irmãos-amantes.

O segundo ato seria de Wotan (interpretação correta de Stefan Heidemann), mas foi de Denise de Freitas (como Fricka). Ambientado em uma sala de ex-votos -lugar de graças e desgraças- confirma Denise como grande artista: caracterização perfeita, presença cênica dominante e voz capaz de extrair lágrimas com um par de notas.

Bois-bumbá e fitas do Bonfim coloriram o ato da famosa cavalgada das valquírias, com espelhos refletindo o corte entre necessidade e desejo: Janice Baird esteve bem como Brünhilde, mas o teatro suplantou a música na cena da humanização.

Malheiro regeu com segurança e sensibilidade, apesar das irregularidades da OSM: cellos melhores do que violas, imprecisões nos metais, descompassos entre harpas e madeiras.

Com a presença mais ampla do Brasil no mundo, cresce a sede por associações intensas e excitantes, que passam também pela música clássica: o público era heterogêneo, o teatro esteve lotado até o final, os aplausos foram calorosos.

Heller-Lopes sabe que é possível percorrer o círculo do anel sem abrir mão do amor. O drama de Wagner nada perde: ao contrário,

é a consciência do Brasil que se eleva.

A VALQUÍRIA

AVALIAÇÃO bom

QUANDO hoje, quarta (dia 23) e sexta (dia 25), às 19h

ONDE Theatro Municipal (pça Ramos de Azevedo, s/nº; ingressos esgotados)

CLASSIFICAÇÃO 5 anos

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