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Crítica - Drama

Filme comprova ótima fase do cineasta italiano mais importante em atividade

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em "A Bela que Dorme", temos uma série de personagens com histórias trágicas ou dilemas existenciais e religiosos. Poderia ser mais um filme em que diversas histórias se cruzam do modo mais forçado possível, caso o diretor não fosse Marco Bellocchio.

O que liga todos esses personagens é a história real de Eluana Englaro, vítima de um acidente de carro que passou 17 anos vivendo artificialmente. Seu drama causou comoção, e reacendeu na Itália a discussão sobre eutanásia. Os personagens acompanham seus últimos dias pela TV.

A história mais forte é a do médico que zela por uma dependente química com tendências suicidas.

Há o núcleo político, no qual um senador tenta estreitar laços com a filha, que por sua vez se envolve com um jovem responsável pelo irmão problemático. Há ainda a atriz que acredita em um milagre que faça sua filha despertar de um coma profundo.

O cinema de Bellocchio é como uma pirâmide em que a Itália está no topo, e na base estão a política e a religião. Seus filmes geralmente são respostas contundentes a discussões que envolvem esses elementos, como o brilhante "Vincere" (2009).

"A Bela Que Dorme", de outro modo, está menos interessado em dar respostas do que em explorar questões: o destino do país, de seus políticos e de sua população, como também o sentido da vida e o peso do Vaticano. Não é um filme perfeito como "A Hora da Religião" (2002), mas comprova a ótima fase do cineasta italiano mais importante em atividade.

A leitura mais óbvia, autorizada pelo próprio diretor em entrevistas, é que a bela adormecida do título na verdade é a própria Itália, paralisada por suas tradições.

Bellocchio mostra personagens desiludidos e fala sobre o direito de morrer. Mas acredita no despertar. É o que fica claro na última cena.


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