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Japonesa faz arte de sua mania por bolas

Yayoi Kusama, que escolheu viver em clínica por ter transtorno obsessivo compulsivo, segue criando aos 83 anos

Exposição com mais de cem peças da artista viaja para o Rio em outubro e, em 2014, vai a Brasília e a São Paulo

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Sobre a mesa com cartazes de mostras de Yayoi Kusama, um convite de 1968 se destaca. Nele, Kusama se diz "a moderna Alice" e chama a tomar chá no Central Park, junto à estátua da personagem de Lewis Carroll, "a avó dos hippies", que, "quando estava triste, foi a primeira a tomar pílulas para ficar para cima". "Estrelando: Eu, Kusama, louca enraivecida, e minha trupe de dançarinos nus".

A convocação para uma das várias performances que a artista japonesa realizou em Nova York nos anos 1960 está entre as mais de cem peças que integram Obsessão Infinita, em cartaz até 16/9 no Malba (Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires). Em um mês, a primeira grande retrospectiva de Kusama na América Latina contabilizou 70 mil visitantes.

No dia 12 de outubro, a exposição chega ao Brasil, na sede carioca do Centro Cultural Banco do Brasil. Em fevereiro de 2014, segue para o CCBB de Brasília e, em maio, para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Segundo um dos curadores da mostra, o canadense Philip Larratt-Smith, Kusama não era conhecida do público em geral na Argentina. "Sabia que seria popular, mas não a esse ponto. Por ser uma artista pop, é acessível a todas as idades, e o caráter lúdico faz a exposição ser divertida para todos", diz à Folha.

BOLINHAS NO ROSTO

Na entrada, o museu oferece uma cartela com adesivos de bolas coloridas. Logo os visitantes cobrem o rosto com os pontinhos coloridos --que servem, como se descobre ao final, para decorar o espaço em branco da instalação "Sala da Obliteração".

O nome da exposição remete à vida e à carreira de Kusama, que sofre de transtorno obsessivo compulsivo e escolheu viver em uma clínica psiquiátrica em Tóquio.

Na obra, a obsessão se manifesta na repetição de elementos, caso das bolas, em telas, vídeos, instalações e fotos, e das esculturas fálicas.

A retrospectiva também apresenta uma fase menos conhecida de Kusama, com pinturas de estilo clássico japonês, o "nihonga". Também estão lá os quadros monocromáticos da série "Redes Infinitas", que lhe dariam reconhecimento internacional.

Mas são as instalações que causam as maiores comoções --e filas. Em "Cheia do Brilho da Vida", lâmpadas se apagam e se acendem com cores diferentes num corredor escuro. Em "Campo de Falos", um jardim de esculturas com bolas vermelhas e brancas floresce num quarto espelhado.

Aos 83, Kusama segue produzindo, como atestam, ao fim do percurso, 36 telas pintadas entre 2012 e 2013. E quer mais. Em entrevista ao curador Larratt-Smith, diz que o que mais teme são "os críticos de arte e a imprensa mundial, que vêm me visitar e isso me priva do tempo para criar".


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