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Obras perdidas de Nelson Leirner ressurgem em NY

Peças estavam em contêiner vendido a participante de um reality show

Trabalhos do artista fizeram parte de mostra dele em Nova York e sumiram quando seu galerista americano faliu

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Um contêiner com 20 obras perdidas de Nelson Leirner foi encontrado em Nova York durante as gravações de um reality show. As peças fizeram parte de uma mostra do artista brasileiro em 2002, na extinta galeria Roebling Hall, e nunca mais foram devolvidas a Leirner, que à época tentou reaver os trabalhos.

Vítima da crise econômica que começou há cinco anos, a Roebling Hall fechou as portas em 2008 e seu proprietário, Joel Beck, "sumiu do mapa", nas palavras de Leirner.

Mais de uma década depois, as peças vieram à tona agora numa gravação de "Storage Wars", reality do canal A&E em que participantes compram contêineres esquecidos em armazéns do país sem saber o que levam dentro --pelas leis norte-americanas, o comprador da caixa passa a ser então o dono legítimo de seu conteúdo.

Uma produtora do programa entrou em contato com a Silvia Cintra + Box4, galeria do artista no Rio, pedindo autorização para usar imagens das peças, muitas delas desmembradas ou danificadas.

"Estão em péssimas condições", diz Leirner, em entrevista à Folha. "Não posso fazer nada agora. Teria de entrar com um processo de obra roubada, mas nem interessa, porque está tudo destruído."

Leirner conta também que uma das peças na caixa são fragmentos de uma versão da instalação "Bala Perdida", em que exibiu imagens de santos e figuras religiosas cravejados de balas de revólver, obra que na época seria vendida por cerca de R$ 70 mil.

Mas, segundo Silvia Cintra, que representa o artista, peças do contêiner não têm valor de mercado na condição em que foram encontradas.

"É engraçado. Não vale nada porque as obras estão desmontadas", diz Cintra. "Quem tiver isso nas mãos não vai saber como montar."

Embora o artista descarte recuperar as obras, Cintra disse que pretende ir a Nova York e consultar um advogado para repatriar os trabalhos encontrados no contêiner.

"É uma situação inesperada. Isso era uma coisa que a gente estava caçando há anos e agora descobriu que estava escondida num depósito", diz Cintra. "Caí dura para trás, tomei um susto mesmo."

Outra possível solução, segundo Cintra, é declarar as peças como perdidas para sempre, já que só restaram fragmentos, e refazer as obras com novos elementos --peças de Leirner são construídas com objetos que ele compra em lojas da 25 de Março, em São Paulo, ou no Saara, mercado popular do Rio.

Essa não é, aliás, a primeira vez que obras do artista desaparecem. Há dois anos, ladrões roubaram um caminhão que levava cinco de seus trabalhos para uma mostra. Nada foi encontrado até agora."Devem ter jogado tudo numa represa", diz Leirner. "Roubaram achando que fossem geladeiras lá dentro."


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