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Pappalardo faz duas exposições em SP
Conhecido pela fotografia publicitária, o fotógrafo e arquiteto propõe associações entre imagens sem conexão
Mostras com fotos e vídeos no Museu da Casa Brasileira e na Galeria Fauno são abertas essa semana
O fotógrafo e arquiteto Arnaldo Pappalardo, 59, conhecido por seu trabalho com fotografia publicitária, quer agora provocar o público com duas mostras em São Paulo.
Hoje será aberta a exposição "Tavoletta", no Museu da Casa Brasileira, com cerca de 40 obras, entre imagens e vídeos. E, a partir de quinta-feira a exposição "No Where Now Here" (Lugar Nenhum Agora Aqui), que reúne 26 trabalhos na Fauna Galeria, poderá ser visitada.
O espaço do Museu da Casa Brasileira, "uma espécie de arquitetura pós-renascentista", inspirou o artista a brincar com características do Renascimento.
Uma construção no jardim do museu reproduz uma câmera escura, usada pelos pintores da época para auxiliá-los a encontrar pontos de perspectiva. O conceito é revertido em fotos tiradas por Pappalardo no centro paulistano.
Nas imagens, espelhos interferem na paisagem e deslocam a perspectiva, confundindo o espectador.
O vermelho, cor que marcou o período renascentista, permeia várias obras. Um vídeo registra o fluxo contínuo de um líquido da mesma cor, sobre um fundo branco.
Outro vídeo tem como trilha sonora uma composição do teórico musical americano John Cage (1912-1992). "É uma grande colagem sonora. Para ele, Beethoven é música, mas o que entra pela janela do quarto também é."
A "grande colagem" de Cage surge na própria exposição de Pappalardo, que diztentar reunir experiências distintas para provocar processos criativos no espectador. "Me agrada conectar o que nunca foi associado."
Conexões inusitadas estão também na mostra "Now Where Now Here", com fotos feitas no mesmo período e nos mesmos lugares em que fez trabalhos para "Tavoletta", como Nova York e Paris.
Para Pappalardo, fotos tiradas no banheiro de um avião (onde ficou trancado por uma hora, a despeito de reclamações de uma aeromoça) podem ser relacionadas a uma pintura do museu do Louvre, em Paris. "Há conexões entre partes distintas e de naturezas diferentes no mundo. O aqui e agora' é resultado de ligações criadas pelos observadores."