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'Você nunca fez 69?', pergunta Polanski

Diretor reclama de restrições a seus filmes na TV americana e provoca uma repórter em entrevista sobre seu novo longa

'A Pele de Vênus' só tem dois atores;'Quanto mais baixo o orçamento, mais liberdade eu tenho', diz cineasta

DO ENVIADO ESPECIAL

O diretor Roman Polanski faz 80 anos hoje, e há 35 não pisa nos Estados Unidos.

Mas ele não é saudosista. "Não gosto de pensar que eu seria um cineasta diferente se tivesse ficado nos EUA, porque é um exercício de adivinhação", crê o diretor.

"Talvez meu cinema fosse diferente, mais comercial. Mas nunca quis isso. O maior prazer que tenho na vida é fazer cinema. Por que me dedicaria a criar algo que não gosto, mesmo por muito dinheiro?"

A relação turbulenta do cineasta com o país onde filmou "O Bebê de Rosemary (1968) e "Chinatown" (1974) vai além do fato de não poder visitá-lo desde 1978, quando ele, após ser acusado de estuprar uma garota de 13 anos, fugiu para Londres e foi morar em Paris, onde vive até hoje com a mulher, a atriz Emmanuelle Seigner, e os dois filhos.

"A lista que recebi de restrições para Deus da Carnificina' passar na TV americana e nos aviões dizia que não podia ter as palavras foda, chupa ou merda. Você não pode falar orgasmo ou masturbação", exalta-se. "Isso não é na Coreia do Norte, mas nos EUA. Você não pode falar nem 69!"

Neste momento, uma jornalista, em sua inocência ou perdida na tradução, interrompe o diretor: "O que é 69?".

Polanski abre um sorriso, e o sujeito que dividiu a cama com mulheres lindíssimas (Sharon Tate, Nastassja Kinski) e fez filmes carregados de tons sexuais ("Lua de Fel", "Repulsa ao Sexo") parece emergir no seu corpo de 1,65m: "Você nunca experimentou um 69?".

MAESTRO DO CINEMA

Polanski é um caso raro de artista que não foi amansado com a idade. Quando lembra de algum ator que ousou "sequestrar" sua direção, como acontece na trama de seu novo filme, "A Pele de Vênus", ele não é modesto: "Atores que trabalham comigo conhecem minha reputação. Sou como um maestro conduzindo uma orquestra de excelentes músicos, mas toda obra de arte coletiva precisa de um líder".

Mesmo com este ego, ele afirma que nunca perdeu a paciência no set ""sua reputação é a de exigir o máximo do elenco, repetindo a mesma cena até ficar satisfeito.

"Eu não perco meu temperamento. Brigar por bobagens é algo que a gente faz em casa. Nas filmagens, eu grito somente quando algo fode tudo", revela. "Se o filme der errado, eu sou o único culpado."

"A Pele de Vênus" tem só dois atores e se passa em um teatro parisiense. Uma estrutura ideal para o diretor. "Quanto mais baixo o orçamento, mais liberdade eu tenho", afirma.

O cineasta não acredita que o próximo trabalho possa ficar ainda mais econômico. "Dois personagens rendem conflitos. Monólogos não passam de masturbação e não tenho interesse em fazer um filme assim."


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