Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Romance

Autora japonesa defende que a liberdade verdadeira vem de permanecer anônimo

JOCA REINERS TERRON ESPECIAL PARA A FOLHA

Pautada pelo bullying generalizado, a atual era tecnocapitalista exige novos padrões morais. É isso o que considera Nao, uma das narradoras do livro "A Terra Inteira e o Céu Infinito", de Ruth Ozeki.

De acordo com o depreendido da leitura da autora norte-americana, o sentimentalismo pode adquirir valores positivos em um período no qual a hostilidade grassa, deixando combalida a empatia.

No romance de Ozeki, uma homônima sua identificada somente pelo nome Ruth encontra objetos no interior de uma sacola plástica na praia da ilha do Pacífico onde vive, dentre eles o diário escrito em um café pela adolescente japonesa Nao Yasutani, 16, antes do tsunami que devastou o Japão causar o incidente nuclear em Fukushima.

Nesse diário, a sagaz garota relata seu cotidiano excruciante no ensino médio de Tóquio, recém-egressa da cidade californiana de Sunnyvale, onde o pai programador trabalhou antes da implosão econômica da "bolha" da internet.

Além das peripécias do genitor demissionário e candidato a suicida, a "aluna transferida Yasutani" registra a existência de Jiko, sua sábia bisavó de 104 anos, monja zen budista meio anarquista e feminista, cuja juventude se passou nos anos libertários da Era Taish? (1912-1926).

Ao aplicar ensinamentos da velha Jiko baseados na filosofia do mestre zen D?gen (1200-1253) à compreensão do mundo atual, Nao reflete a respeito das conformações do tempo e do despertar da consciência para a vida em um período em que a regra é viver por tabela, sem dar atenção ao fundamental.

É autoajuda, porém sofisticada. Sem temer a abordagem a quente dos problemas decorrentes da presença abusiva das mídias sociais no dia a dia (passível de datar rapidamente qualquer obra ficcional), ou mesmo resvalar no piegas, Ozeki faz o leitor perceber que a morte não ocorre quando sua caixa de entrada se encontra vazia, e que, contraposta ao celebritismo, "a verdadeira liberdade vem de ser desconhecido".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página