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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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Morar em hotéis é alternativa para quem não quer se preocupar com arrumação, limpeza e segurança da casa

Hóspede permanente

Fernando Moraes/ Folha Imagem
Lulu Librandi instalou uma linha própria de telefone no quarto do hotal para se sentir em casa


EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A arte imita a vida. Assim como na novela "Mulheres Apaixonadas", da TV Globo, muitas pessoas adotam um hotel como lar. Foi o que aconteceu com o escritor Manoel Carlos, 70, que retrata na trama sua própria experiência.
Em cidades como São Paulo e Rio, os argumentos de quem mora em hotéis são a segurança e a praticidade. "Há de tudo à mão e não é preciso contratar funcionários para arrumar a casa", afirma Luiz Carlos Nunes, 45, presidente da Abih (associação de hotéis).
Também pode pesar menos no bolso. "Nas metrópoles, os hotéis concorrem com os flats e os apart-hotéis. Nos bairros nobres, há exemplos que mostram ser mais barato morar em hotel que alugar um apartamento ou uma casa."
Há dois perfis de moradores de hotéis, diz Antonio Torres, 52, diretor da rede Intercontinental. "Para uns, é puro status. Morar no Ritz, por exemplo, transmite a idéia de se tratar de uma pessoa importante. Para outros, como executivos que se mudam com frequência, é pura conveniência."

Vida cigana
Num dos quartos do Staybridge Suítes Hotel (Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo), o engenheiro carioca Frederico Bonnard, 49, tem por R$ 1.900 mensais "um escritório bem montado e uma tábua de passar roupa, imprescindíveis".
Outro carioca, Marcelo Mancen, 38, executivo da IBM, diz que se sente em casa no hotel Pestana (Paraíso, zona sul), onde paga R$ 600 por semana. Assim como Bonnard, passa cinco dias ""comerciais" na capital paulistana. "Conheço do cozinheiro ao gerente. Não me preocupo com os afazeres domésticos e posso ficar ligado 24 horas no trabalho."
No caso da promotora cultural Lulu Librandi, 59, que mora no Intercontinental (Jardins, zona oeste), em que se gasta R$ 9.600 por mês, trata-se da realização de um sonho. "Inspirei-me na estilista Coco Chanel, que vivia no Ritz, em Paris. É uma vida de cigana, rodeada de gente que entra e sai."
"Sou cumprimentada por todos os funcionários", relata. Como desvantagem, diz que não pode tomar café da manhã de pijama e só leva para o quarto amigos mais íntimos. "Fiz do lobby a sala de estar." Entre seus visitantes, estão nomes como o ator Raul Cortez.
Separado, o comunicólogo Oswaldo Dale conta que passou boa parte dos últimos 15 anos em quartos como o que ocupa hoje no hotel Comodoro (Santa Cecília, zona central). "Não há condomínio, fiador, conta de água ou luz. Durmo tarde e posso pedir um chá ou um sanduíche a qualquer hora da noite." A conta mensal dele gira em torno de R$ 1.200.

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