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Importação faz Vicunha fechar em Americana

Crise do setor têxtil chega aos fornecedores de matéria-prima

Unidade no interior paulista era a única fabricante de fibra de viscose das Américas; 300 serão demitidos

MARIANA CARNEIRO TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

O avanço das importações de vestuário levou ao fechamento da única fábrica de fibra de viscose das Américas, a unidade de Americana (SP) da Vicunha --um dos mais tradicionais grupos têxteis do país. O produto, derivado de celulose, é matéria-prima para os fios de viscose.

A fábrica começou a operar em 1949 e foi adquirida pelo grupo Vicunha em 1982. O fechamento foi anunciado anteontem.

Segundo a empresa, 300 funcionários foram demitidos, em mais um episódio que ilustra a crise do setor. Depois das confecções e tecelagens, agora é a vez de os fornecedores de matéria-prima sentirem o efeito da concorrência externa.

A importação de fios de viscose duplicou desde 2008. Com isso, a produção nacional caiu, levando a uma menor procura pela fibra.

A gota d'água, diz a Vicunha, foi o aviso dado pelo governo de que não renovaria o aumento da alíquota de importação para os fios da Indonésia e da Turquia --maiores produtores do mundo.

A empresa também argumenta que as medidas antidumping contra seis países, impostas em 2009, foram pouco eficazes, pois os importadores conseguiram contornar a barreira.

No ano passado, ela pediu a ampliação da lista de produtores restritos ao mercado brasileiro, o que foi negado.

O Ministério do Desenvolvimento informou que o fio e a fibra de viscose estão sob proteção até o próximo ano e as malhas, até 2016. A ampliação foi recusada, de acordo com o órgão, porque "não havia evidência de danos" às empresas do setor.

Em nota, a Vicunha informou que, se os pleitos solicitados ao governo forem concedidos até o fim do ano, poderá recontratar os 300 funcionários dispensados.

ROUPAS PRONTAS

Segundo o presidente do Sinditêxtil-SP, Alfredo Bonduki, o setor é prejudicado pela crescente importação de roupas prontas confeccionadas no exterior.

O empresário tem uma fábrica de fios de costura em Americana (SP).

"A importação de vestuário desmonta toda a cadeia", diz. "Nós vendíamos fios para grandes empresas de confecção. Hoje, elas só importam roupas prontas."

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as importações de vestuário subiram 214% entre 2008 e 2012, para US$ 2,2 bilhões.

Bonduki disse que o setor solicitou ao governo salvaguardas para roupas importadas, mas teve o pedido negado. O ministério informa que não há pedidos em análise.


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