São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Alta do petróleo ajuda exportações, mas aumenta a inflação

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

As revoltas populares na Tunísia e no Egito contra os regimes ditatoriais foram apenas o pontapé inicial de movimentos semelhantes em outros países do Oriente Médio.
Sem entrar no mérito geopolítico da questão, as consequências econômicas dessas manifestações ocorrem pelo aumento da aversão ao risco, adicionando pressão aos já elevados preços do petróleo e de seus derivados.
O impacto foi sentido especialmente sobre o preço do petróleo Brent, negociado em Londres (o petróleo do Oriente Médio abastece, primordialmente, a Europa), mas o preço do WTI (West Texas Intermediate), negociado nos Estados Unidos, já tem acompanhado.
Contudo, cabe notar que o efeito sobre os preços é diretamente proporcional à intensidade/duração dos conflitos. Uma vez retomada a normalidade, sob um novo regime democrático ou não, a exploração comercial do recurso natural deve ser restabelecida e, consequentemente, os preços voltariam aos patamares de antes dos conflitos.
Ainda assim, as perspectivas para o curtíssimo prazo são de alta dos preços, o que beneficia a balança comercial brasileira, num primeiro momento -não é à toa que os superavit comerciais têm sido atipicamente elevados nas últimas semanas.
Neste mês, o petróleo bruto ultrapassou o minério de ferro como o principal produto exportado pelo Brasil.
Num segundo momento, contudo, tendem a reagir os preços dos derivados do petróleo -dos quais o Brasil é forte importador, como nitrogenados, nafta etc.-, aumentando as importações e reduzindo, novamente, o saldo comercial.
Por outro lado, a inflação também poderá sentir os efeitos desse movimento.
Nos meses recentes, além do importante componente da demanda interna aquecida, as altas dos preços internacionais de commodities têm colaborado para a elevação dos preços domésticos.
O petróleo, afinal, é importante insumo de diversas cadeias produtivas e, mesmo que não haja aumento dos preços da gasolina e do diesel pela Petrobras, os efeitos sobre os índices de preços -especialmente no atacado- devem ser relevantes.
Portanto, ainda que, no médio prazo, a tendência seja de normalização da situação, os preços podem disparar no curto prazo, levando a cifras mais altas de saldo comercial, num primeiro momento, e de inflação, depois.

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.

Internet: www.rosenberg.com.br


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