Sindicatos e indignados farão oposição

O novo primeiro-ministro terá pela frente uma série de ameaças: dos mercados, que continuam a suspeitar da solvência do país; dos sindicatos, ligados à esquerda e que deverão promover mais greves contra o governo de direita; e dos indignados, jovens que já retomam atos por mudanças no sistema político.

Para acalmar os mercados, que têm exigidos juros maiores para emprestar ao país, Mariano Rajoy terá que anunciar as equipes políticas e econômicas rapidamente.

Pelo calendário eleitoral, sua posse deve acontecer na semana anterior ao Natal. Mas o provável é que exista um trabalho conjunto entre o governo que entra e o que sai, do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero.

Rajoy vai aprofundar os cortes, que começaram em 2010 com redução nos salários dos servidores, congelamento de aposentadorias, aumento de tributos e redução de benefícios sociais.

O líder do PP já disse que só as aposentadorias estão a salvo. Deve também elevar o imposto sobre o consumo, que, em média, está em 21%.

Economistas afirmam que o governo terá de cortar entre € 18 bilhões e € 30 bilhões em 2012 para cumprir o acordo com a União Europeia de reduzir o deficit a 4,4% do Produto Interno Bruto. O deficit em 2010 foi de 9,2% e deveria cair para 6% neste ano, o que não deve acontecer.

No caso das greves, já começaram, com paralisações na saúde e na educação. Já os indignados, que passaram o verão acampados em praças, voltaram a se mobilizar.

Ocuparam um prédio em Barcelona e fizeram passeatas em várias outras cidades.

"Não podemos aceitar que o novo governo puna a população para dar dinheiro ao sistema financeiro", disse Fran García, 29, que comandava um protesto no sábado na Puerta del Sol, em Madri.

Eles não descartam voltar a acampar em praças. Nesse caso, no entanto, o novo governo tem um aliado temporário: o inverno, que deve desencorajar os que pensem em dormir nas ruas.